Os juros futuros subiram nesta quarta-feira (28), em meio aos ruídos em torno da proposta de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A pressão sobre as taxas foi maior pela manhã, perdendo força à tarde mesmo com o resultado do Caged em abril acima da mediana das estimativas.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,735%, de 14,692% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027, em 13,94%, de 13,84% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2029 avançou a 13,49%, de 13,37%.
A dinâmica da curva a termo foi ditada principalmente pelo ambiente doméstico, embora os rendimentos dos títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) também tenham mostrado alta. Os investidores optaram por recolher um pouco da exposição ao risco no aguardo de novas definições sobre o decreto do IOF, que tem ampla rejeição da classe empresarial e já conta com 20 pedidos de suspensão no Congresso.
“Teve um barulho grande nesse assunto, de que o decreto seria revogado, de como a compensação seria feita, se por meio de mais bloqueios, etc. Mas, de todo modo, do ponto de vista de quem está aplicado em juros, a leitura é de que o aumento do IOF ajuda a política monetária”, afirma Marcelo Bacelar, gestor de portfólio da Azimut Brasil Wealth Management.
Economistas têm reforçado o papel que a elevação do IOF terá na desaceleração do ritmo de crédito, contribuindo para esfriar a atividade, embora o impacto não seja o mesmo de uma alta da Selic, que atinge uma gama muito maior de canais.
A pressão dentro do Congresso para que o decreto seja suspenso tem aumentado, o que pode ampliar a necessidade de contenção de recursos no Orçamento. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse hoje que quaisquer alterações podem diminuir a arrecadação esperada e, com isso, será necessário ajustar a execução orçamentária.
Uma das cartas na manga do Executivo contra possíveis vetos dos parlamentares é a possibilidade de elevar o congelamento de emendas, podendo chegar a R$ 12 bilhões num cenário de reversão total das medidas e sem fontes de receitas para compensar, segundo apurou o Broadcast. Até o momento, pelo bloqueio e contingenciamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento feito pela equipe econômica, cerca de R$ 7,8 bilhões em emendas devem ser congelados.
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Por ora, a única alteração é o recuo na questão do IOF sobre transferências de recursos destinadas à aplicação em fundos de investimento no exterior e remessas destinadas a investimentos por pessoas físicas. O impacto é estimado em até R$ 2 bilhões e a compensação será feita por resgate de R$ 1,4 bilhão do Fundo Garantidor de Operações (FGO) e do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC).
À tarde, o ritmo de alta das taxas arrefeceu um pouco, ainda que o Caged de abril tenha mostrado criação de vagas (257.528) acima da mediana das estimativas, de 170.500, perto do teto das previsões (267.366). Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o mercado parece estar apostando que o Caged não é suficiente para levar o Copom a subir juros em junho nem para impedir corte no fim do ano. “A economia forte nesses primeiros meses do ano já está na conta. A alta dos juros durante a sessão já estava de bom tamanho”, afirmou.
No exterior, o destaque da agenda foi a ata do Federal Reserve (o BC dos EUA), mas o mercado de Treasuries reagiu mais aos leilões de títulos do Tesouro dos EUA, ainda com a pressão sobre os títulos ultralongos do Japão no radar. No fim da tarde, a taxa do T-Bond de 30 anos voltava a se aproximar dos 5%, a 4,97%, e a da T-Note de dez anos marcava 4,47%.