Os juros futuros zeraram o movimento de queda no começo da tarde desta terça-feira (13) e fecharam em alta nos vencimentos longos, enquanto as demais taxas ficaram próximas aos ajustes de ontem. A reação da curva à ata do Comitê de Política Monetária (Copom) foi moderada e limitada ao período da manhã, com o mercado depois deslocando o foco para o exterior, espelhando o “steepening” (ganho de inclinação) da curva americana, apesar do dólar ter acelerado a queda e furado a marca de R$ 5,60 no intraday.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 terminou em 14,780%, de 14,797% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 14,03% para 14,01%. O DI para janeiro de 2029 fechou com taxa de 13,51% (13,46% ontem).
Pela manhã, a ata do Copom e os dados de inflação americana melhores do que o esperado trouxeram alívio e recuo às taxas, mas de forma contida, com muitos players considerando o tom neutro em relação ao que já trazia o comunicado. De maneira geral, prevaleceu a leitura de que o ciclo de alta da Selic terminou com a taxa em 14,75% e o Copom demonstrando confiança na eficácia dos canais de transmissão da política monetária. Para os três principais bancos privados brasileiros – Santander, Itaú e Bradesco -, o aperto em maio foi o último do ciclo.
“O Banco Central reforçou que, apesar de a atividade econômica e o mercado de trabalho ainda estarem fortes, dados mais recentes indicam uma moderação em alguns indicadores, o que é positivo em termos de perspectiva de inflação. Esses pontos, em conjunto, reduziram os prêmios nas curvas de juros”, afirma o head de renda fixa da Faz Capital, Filipe Arend.
Na ata, o Copom repetiu que o cenário de “elevada incerteza” exige cautela adicional e flexibilidade para calibrar a Selic no seu próximo encontro. Porém, na avaliação do mercado, a expectativa de corte no curto prazo ainda fica em aberto, dadas as incertezas do cenário e porque o colegiado reforçou a necessidade de política monetária em patamar “significativamente contracionista por período prolongado” para assegurar a convergência da inflação à meta.
“O impacto da ata em si acabou sendo muito tímido, ratificando o que já estava no comunicado, ou seja, a ideia de parar e manter o nível de taxa alta por mais tempo”, resumiu o gestor de renda fixa da Porto Asset, Gustavo Okuyama.
Após os ajustes à ata, o mercado passou a olhar o exterior. “Houve uma abertura relevante de juros lá fora e o Brasil acabou seguindo esse tom. Aquela performance muito positiva da manhã acabou se revertendo”, observa o gestor, a despeito do bom desempenho do real. O dólar à vista fechou em R$ 5,6087, menor cotação desde 14 de outubro de 2024. O impacto do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) sobre os Treasuries durou pouco e o apetite ao risco voltou a estimular a migração de fluxo para as bolsas, puxando os yields para cima.