As pontas curta e intermediária dos juros futuros se mantiveram em alta desde cedo nesta quarta-feira (7), influenciadas pela produção industrial acima do esperado e com ajustes antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), sendo que a curva precifica 80% de chance de alta de 50 pontos-base nesta reunião. Já o vértice mais longo registrou instabilidade no período da tarde, monitorando na lupa as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Jerome Powell, que preferiu não se comprometer sobre os próximos passos da autarquia e disse não ser preciso ter pressa.
Às 17h20, a taxa de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 subia a 14,735%, de 14,702% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2027 subia a 14,020%, de 13,961%, e o para janeiro de 2029 operava perto do ajuste da véspera a 13,530%, de 13,539% ontem no ajuste.
Destaque desta tarde, o DI longo chegou a renovar mínimas, seguindo movimento dos juros dos títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries), após a manutenção da taxa dos Fed funds na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano e no começo da coletiva de imprensa de Powell – que chegou a dizer que o mercado de trabalho não é hoje fonte significativa de pressão inflacionária. Contudo, também ponderando que as expectativas de inflação no curto prazo aumentaram, com pesquisas apontando tarifas como fator para o impulso.
“Os riscos para a alta de inflação e aumento do desemprego aumentaram”, segundo o presidente do Fed. Na avaliação do economista-chefe do Banco Bmg, Flavio Serrano, o mercado se apoiava na tese de que se o desemprego subir, o Fed pode cortar juros em um horizonte mais distante, o que justificava os juros longos nas mínimas.
Contudo, pouco depois, Powell disse que não vê, no momento, evidências de que a economia esteja desacelerando, e reiterou que “dependendo do jeito que as coisas evoluírem, podemos manter ou cortar juros”. Segundo ele, os EUA não estão em uma situação em que se possa cortar juros de forma preventiva, e ainda não é clara qual seria a resposta apropriada da política monetária para tarifas.
Por fim Serrano considera que “Powell foi um pouco mais hawkish ao dizer que não há pressa para cortar juros, então parte do mercado tomou um pouco da curva de juros”, fazendo as taxas voltarem a operar mais perto dos ajustes da véspera, em alguns momentos pontuais até indo para viés de alta.
O vértice mais curto e intermediário dos juros segue em alta desde cedo devido à produção industrial, que subiu 1,2% em março ante fevereiro, superando o teto das expectativas do Projeções Broadcast, que iam de queda de 0,2% a alta de 0,7%. A valorização do dólar, a R$ 5,74 (+0,61%), também tende a pressionar.