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Os juros futuros terminaram a sexta-feira (14) em forte queda, estimulado inicialmente pela melhora do apetite ao risco generalizada por ativos de economias emergentes e, a partir do meio da tarde, pelos resultados de pesquisa Datafolha apontando queda na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao pior nível entre seus mandatos.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 caiu de 14,840% para 14,765%, e a do DI para janeiro de 2027, de 14,95% para 14,72%. O DI para janeiro de 2029 despencou a 14,45%, de 14,81%.
Durante a sessão, foi o ambiente internacional a ditar o ritmo de queda das taxas, mas no meio da tarde o fator interno deu combustível extra aos ativos locais. A pesquisa Datafolha mostrou que a aprovação do presidente despencou de 35% para 24% e a desaprovação saltou de 34% a 41%, piores índices entre os três mandatos do petista. O mercado quer saber agora se haverá, e qual seria, a reação do governo aos números.
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Para o economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho, os resultados podem pressionar o governo a ajustar a política econômica, em direção a uma maior responsabilidade fiscal, “já que mostram que o governo está fraco para negociar medidas”, mas a leitura do mercado parece ser mais a de que a oposição ganha força na corrida eleitoral do ano que vem. “O resumo da ópera é que Lula então não se candidataria e ganharia a eleição um candidato de direita, com mudança da política econômica em 2027”, explicou.
Velho acredita que o governo, acuado, pode partir para medidas ainda mais populistas no curto prazo, o que traria mais volatilidade aos ativos. “Tende a gerar mais pressão dentro do governo por incentivos fiscais, aprovação rápida da isenção de Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil, maior expansão do crédito subsidiado, etc..”, avalia.
Antes do Datafolha, a queda do dólar e das taxas dos títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) já sustentavam os juros em baixa. As vendas do varejo americano bem mais fracas do que o esperado recolocaram no jogo a possibilidade de haver duas quedas de juros nos EUA este ano. Ainda, o fato de que a reciprocidade na aplicação das tarifas pelo governo Donald Trump não será adotada no curto prazo também seguiu ajudando os ativos de risco, impulsionando moedas emergentes como o real, o que acaba favorecendo a curva a termo.
Internamente, os indicadores fracos de atividade que saíram na semana seguiram hoje fazendo preço na curva ao longo da sessão, com o mercado ampliando as apostas de que os números ruins de varejo e serviços de dezembro podem representar sim uma tendência firme de desaceleração do ritmo de atividade. “A partir da preocupação de uma desaceleração mais rápida, haveria uma necessidade de aumento de juros menor, então a gente acaba tendo uma compressão relevante nos juros”, afirma o gestor de renda fixa da Porto Asset, Gustavo Okuyama. Segundo ele, a curva nesta tarde apontava Selic terminal de 15,50%, ante 15,93% no fechamento da sexta-feira passada.
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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou hoje a pregar cautela na reação a dados de alta frequência que sugerem desaceleração, frisando que a autoridade monetária espera por maior clareza para concluir se é mesmo uma tendência. “O que já dissemos na ata, e tenho reforçado, é que num passado recente, esses dados de alta frequência, que apresentam maior volatilidade, às vezes se apresentaram de uma maneira que pareciam confirmar uma tendência e depois isso não se confirmou”, declarou Galípolo, em apresentação na Fiesp.