Os juros futuros encerraram a sessão em baixa nesta sexta-feira (3), na contramão do avanço do dólar e dos rendimentos dos títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries). A exemplo de ontem, o mercado continuou corrigindo excessos de prêmios embutidos na curva no fim do ano passado, uma vez que o noticiário e a agenda seguiram sem destaques. A liquidez, ontem já abaixo do padrão, hoje foi ainda menor, refletindo a ausência de muitos players no período entre o feriado de Ano Novo e o fim de semana. No acumulado da semana mais curta, as taxas também cederam ante os níveis de fechamento da última sexta-feira.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou a 15,06% (mínima), de 15,20% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027, a 15,50% (de 15,71%). O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 15,32%, ante 15,55% no ajuste.
O movimento de baixa ocorreu mesmo em meio à piora nos mercados de câmbio e Treasuries, mas as taxas reduziram o ritmo de queda quando o dólar e os yields dos títulos dos EUA se firmaram em alta. O PMI Industrial norte-americano veio acima do esperado e o presidente do Federal Reserve de Richmond, Tom Barkin, alertou em discurso que “os riscos estão mais do lado da inflação que do crescimento”.
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O dólar à vista subiu 0,32%, para R$ 6,1821, voltando a flertar com o nível de R$ 6,20 nas máximas do dia. A taxa da T-note de dez anos subia a 4,597% no fim da tarde.
O estrategista-chefe da BGC Liquidez, Daniel Cunha, afirmou que a grande reprecificação na curva, “de proporções até históricas”, no final de 2024, deixou algum espaço para as taxas cederem nesse ambiente de pouca liquidez e notícias escassas, em que pesem os fundamentos e a maior aversão a risco nos mercados de ações e câmbio. Ele pondera que, dada a ausência de notícias e dados, os movimentos ficam pontualmente desconexos, sem grande vetor aparente. “Os volumes são ainda muito tímidos, o que é normal para essa época do ano, então é difícil fazer grandes análises.”
Diante das preocupações com o cenário fiscal e o exterior mais adverso para emergentes, o alívio nos prêmios não é visto como tendência no curto prazo. “Difícil ver essas taxas nesse ritmo pontualmente um pouco mais benigno, parece ser algo realmente mais técnico. O jeito que terminou 2024 diz muito do que esperar em 2025”, afirmou Cunha, referindo-se à decepção do mercado com o anúncio do pacote fiscal. “É uma dinâmica muito clara e preocupante”, completou.
Os mercados podem retomar alguma normalidade na próxima semana, quando a agenda começar a se desenrolar. Logo na segunda-feira haverá divulgação da Pesquisa Focus, na qual o mercado estará de olho nas variações das medianas de inflação, Selic e câmbio. Na sexta-feira (10) tem o IPCA de dezembro e de 2024. No exterior, o destaque serão a ata do Federal Reserve, na quarta (8), e o payroll americano na sexta (10).
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