Os dados de inflação divulgados hoje conduziram a trajetória dos juros, promovendo queda em toda a extensão da curva. Com um headline muito abaixo do esperado e leitura ruim dos preços de abertura, o IPCA-15 de janeiro melhorou apenas marginalmente a percepção sobre o ritmo da Selic. Lá fora, o índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês) nos EUA de dezembro veio em linha com o esperado, mas outros recortes do dado, como a sequência de desaceleração da inflação nos últimos meses, agradaram, reforçando a ideia de que o Federal Reserve poderá abrir o ciclo de corte de juros em maio.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 voltou a ficar abaixo de 10%, fechando aos 9,96%, de 10,01% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2026 encerrou com taxa de 9,62% (9,67% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 9,83% para 9,79%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 10,23%, de 10,28%.
O IPCA-15 contrariou o consenso de aceleração ante dezembro (0,40%) e arrefeceu para 0,31%, ficando não somente abaixo da mediana das estimativas (0,47%), como também do piso de 0,38%.
Para contrabalançar a surpresa positiva, os preços de abertura decepcionaram, com salto de mais de 10 pontos porcentuais no índice de difusão (55,8% para 67%). Houve também pressão de serviços subjacentes, que têm atenção especial do Banco Central na política monetária, acelerando de 0,39% em dezembro para 0,68%, ante mediana de 0,50%, com taxa anualizada perto de 5%.
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“Se alguém tinha esperanças de o Copom acelerar (o ritmo de corte da Selic) para 0,75 ponto porcentual, me parece muito improvável agora. Selic terminal abaixo de 9% também”, afirma o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi. Ele diz ainda que mesmo uma taxa terminal de 9% “começa a perder probabilidade”.
O Copom decide na quarta-feira sobre a Selic, com apostas unânimes de nova redução de 0,5 ponto.
Para Marianna Costa, economista-chefe do TC, o IPCA-15 não altera as expectativas com relação à Selic, seja sobre o ritmo de queda de 0,50 ponto, seja sobre a taxa terminal. Tampouco deve mudar algo no discurso do Banco Central. “O mercado já vinha recuando da ideia de uma taxa abaixo de 9%, sobretudo pela questão fiscal”, afirma.
Na curva do DI, o economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano, informou que a precificação nesta tarde era de taxa terminal de 9,25%, ante a faixa de 9,25% e 9,50% ontem. Para as três próximas reuniões, a curva segue apontando 0,5 ponto.
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Nos Estados Unidos, o índice PCE, medida preferida de inflação do Federal Reserve, de dezembro veio dentro do esperado, tanto o dado cheio quanto o núcleo, mas o mercado valorizou a tendência de desaceleração que a inflação vem apresentando nos últimos meses. Em bases anualizadas, a inflação cheia roda a 2,6% e o núcleo a 2,9%, de 3,2% em novembro.
“A trajetória inflacionária segue benigna com o índice cheio se aproximando da meta do Fed. A divulgação corrobora a ideia de que a inflação, embora elevada, continua a ceder, criando as condições para o Fed começar a cortar as taxas de juro ainda este ano”, afirma William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.
O mercado de juros encerra a semana acumulando alívio nos prêmios de risco ante a semana anterior e superando uma sequência de ruídos domésticos nos últimos dias, cujo impacto foi neutralizado pelo otimismo sobre os juros globais e estímulos anunciados pela China. As taxas curtas recuaram cerca de 15 pontos-base; as intermediárias, em torno de 10 pontos; e as longas, aproximadamente 5 pontos.