Os juros futuros fecharam a sexta-feira em alta, em meio ao IPCA-15 no teto das estimativas e aos sinais vindos do Simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos, onde dirigentes do Federal Reserve e do Banco Central Europeu (BCE) fizeram discursos duros contra a inflação.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,410%, de 12,381% ontem, e o DI para janeiro de 2025 subiu de 10,38% para 10,52%. A taxa do DI para janeiro de 2027 avançou de 10,12% para 10,23% e a do DI para janeiro de 2029, de 10,66% para 10,71%. Na semana, os DI para janeiro de 2024 oscilaram 2 pontos para baixo e o DI janeiro de 2025 apenas 1 ponto. Já os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2029 caíram 11 e 12 pontos, respectivamente.
O movimento que mais chamou a atenção foi o do DI janeiro de 2025, que subia quase 15 pontos-base no fim da tarde, com liquidez bem acima dos demais. É o contrato que abarca as várias reuniões do Copom daqui até o fim de 2024. Para o encontro de setembro, as apostas de que Copom poderia ampliar a dose de corte para 0,75 ponto porcentual já vinham murchando nas últimas semanas, especialmente após a Petrobras reajustar os preços de combustíveis e na medida em que as expectativas de inflação pararam de melhorar. E hoje cederam ainda mais, com probabilidade em torno de 10%, ante 25% ontem no fim do dia. Na contramão, as chances de redução de 0,5 ponto subiam para perto de 90%, de 75% ontem.
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O IPCA-15 de agosto, de 0,28%, veio no teto das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast e superou em 12 pontos-base a mediana de 0,16%, saindo de uma queda de 0,07% em julho. Embora a média dos núcleos tenha acelerado acima do previsto, os preços de abertura, no geral, agradaram, especialmente porque serviços e serviços subjacentes, aos quais o Banco Central tem dado especial atenção, perderam fôlego.
“Apesar do headline ter surpreendido negativamente, a composição segue bem saudável. Mas, em se tratando de Copom, esse cenário não contribui para acelerar o ritmo de corte, como já trazido na última ata”, afirma o economista do Pic Pay Igor Cadilhac.
O estrategista de renda fixa e sócio da Garin Investimentos, Felipe Beckel, afirma que o miolo da curva estava sem prêmio, com alguns contratos, como o janeiro de 2026, cuja taxa vinha operando abaixo de dois dígitos, bastante descontados. “A precificação de Selic na virada de 2025 indicava um céu de brigadeiro no País”, comentou. Para ele, dada a composição, o IPCA-15 de hoje em si não preocupa, mas o cenário de inflação deve passar por volatilidade, afirma, lembrando que ainda está para entrar no índice o efeito dos reajustes da Petrobras e o acompanhamento semanal da Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostra alta relevante nas bombas.
No exterior, o dia foi pesado, com discursos convergentes de dirigentes do Federal Reserve e do Banco Central Europeu (BCE) na linha da necessidade de combate à inflação. O mais esperado do dia era o de Jerome Powell, que disse que o banco central americano “está preparado” para aumentar mais os juros, se necessário. Ele reconheceu os progressos em direção à estabilidade de preços, mas alertou que a inflação permanece “muito alta”.
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“Na mensagem, ele deixou claro que a inflação recuou do pico, mas segue muito alta e o cenário é ‘data dependent’. O Fed manterá a política restritiva até que de estejam confiante de que inflação está caindo forma sustentável. No fundo, está tentando orquestrar um pouso suave da economia”, disse Cadilhac.