(Gabriel Caldeira, Estadão Conteúdo) — Os juros dos Treasuries terminaram o dia sem direção única, com a ponta curta em leve baixa e os rendimentos de títulos com prazo mais longo em alta forte, impulsionados por leilões do Tesouro americano. O mercado operou hoje à espera do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA de agosto, que sai amanhã de manhã e é um importante indicador para moldar as expectativas para o aumento dos juros do Federal Reserve (Fed) este mês.
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No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos tinha baixa a 3,565%, o da T-note de 10 anos subia a 3,351% e o do T-bond de 30 anos avançava a 3,501%.
O movimento na renda fixa americana hoje foi modesto na maior parte da sessão, à medida que investidores aguardam pelos números de agosto da inflação ao consumidor. A mediana dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast aponta para deflação de 0,1% no índice cheio ante julho, mas o núcleo deve seguir em alta robusta, inclusive com aceleração na comparação anual. Segundo pesquisa do Fed de Nova York, as expectativas inflacionárias para um e três anos tiveram forte queda em agosto.
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Apesar da visão de que a CPI americano desacelerou mais, “é difícil imaginar uma leitura amanhã que torne um aumento de meio ponto porcentual pelo Fed mais atraente do que os 75 pontos-base que já estão efetivamente precificados”, argumenta o BMO Capital Markets, em relatório.
O banco comenta que as falas recentes de dirigentes da entidade praticamente definiram as expectativas pela terceira alta seguida de 0,75 ponto porcentual dos juros neste mês, o que pode ser conferido em análise do CME Group, que no fim da tarde calculava 92% de chance de que os Fed funds subam à faixa de 3% a 3,25%, de 2,25% a 2,5% atualmente. Com as expectativas consolidadas, um CPI que mostre uma inflação mais branda amanhã não servirá para indicar a ação do Fed em um futuro mais distante, diz o BMO.
Além da expectativa pelo dado, dois leilões foram realizados hoje pelo Departamento do Tesouro: um de US$ 41 bilhões em T-notes de 3 anos, que teve alta demanda, e outro de US$ 32 bilhões em T-notes de 10 anos, que teve demanda menor que a média recente. Este último impulsionou os juros dos Treasuries com maior prazo.