O Magazine Luiza viu suas ações despencarem 22% após a divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2023. A companhia apresentou despesas financeiras acima do esperado, o que fez seu prejuízo mais que dobrar em um ano.
O shopping virtual da companhia cresceu acima do mercado e ampliou suas fontes de receita, mas isso não foi suficiente para melhorar a última linha do balanço da companhia. “A operação da empresa melhorou, mas a economia do País, ainda não. Uma hora as coisas vão convergir”, disse a investidores o CEO da companhia, Frederico Trajano.
O Magazine Luiza apresentou um prejuízo líquido de R$ 391 milhões no primeiro trimestre de 2023, ante um resultado negativo de R$ 161 milhões um ano antes. No conceito ajustado, o prejuízo foi menor: R$ 309 milhões. Nesse cálculo, a empresa exclui despesas não recorrentes relacionadas, principalmente, a fechamentos de quiosques nas lojas da varejista de moda Marisa e um Centro de Distribuição.
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Para o CFO da empresa, Roberto Belissimo, o prejuízo, que veio maior do que a previsão de casas de análise, se deveu à linha de despesas financeiras e é “sazonal”. Ele pontuou a investidores que, no primeiro trimestre deste ano, a empresa concentrou pagamentos de fornecedores e que isso não deve se repetir nos próximos trimestres. Além disso, ele cita que a curva de juros subiu ao longo de 2022 e em 2023 deve ter trajetória diferente.
Belissimo disse ainda que as despesas financeiras devem ter uma tendência decrescente ao longo do ano de 2023. “No ano passado, a despesa evoluiu ao longo dos meses; nesse ano, a tendência deve ser oposta”, disse.
Os analistas do BTG, Luiz Guanais e Gabriel Disselli, explicam que a margem bruta da empresa foi afetada pela reintrodução da taxa DIFAL (Diferencial de Alíquota do ICMS) no início do ano. Essa mudança aconteceu para as compras realizadas pelos consumidores de Estados diferentes daqueles da origem da mercadoria, principalmente no comércio eletrônico. Esse efeito foi parcialmente compensado, pontuam Guanais e Disseli, pelo aumento de 34%, na comparação anual, em receitas de serviço, impulsionadas pelas comissões do marketplace.
“O Magazine Luíza reportou um prejuízo líquido ajustado, ainda afetado pela deterioração dos resultados financeiros, devido à maior taxa Selic e aumento de desconto de recebíveis no trimestre”, escreveram.
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Os analistas do Santander ressaltaram que a companhia teve uma margem bruta acima do esperado, mas com Ebitda abaixo das expectativas. A última linha ficou muito também aquém do esperado pelo aumento de despesas financeiras, segundo o banco.
“A falha em nossas estimativas pode ser atribuída principalmente aos cerca de 50% de aumento anual das despesas financeiras, impactado negativamente pela alta da taxa Selic, bem como pelo aumento de antecipação de recebíveis”, pontuaram Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo.
Marketplace
A receita líquida foi de R$ 11,3 bilhões, com alta de 6,9% sobre o mesmo período de 2022. No trimestre, as vendas totais, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio (1P) e marketplace (3P) cresceram 10,1% e atingiram R$ 15,5 bilhões.
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Os números são reflexo do aumento de 11,1% no comércio digital e um crescimento de 7,5% nas lojas físicas. No digital, a alta foi puxada por crescimento de 19,4% no marketplace, com vendas de R$ 4,4 bilhões. A empresa destaca que, segundo dados da GFK, o mercado de marketplace encolheu 14%, o que implica em alto ganho de mercado da varejista.
Trajano disse a investidores que tem visto o ambiente competitivo no segmento de marketplace mais focado em rentabilidade. “Estou sentindo o mercado das plataformas de marketplace muito racional. Isso proporciona repasse de preço”, disse.
Ele afirmou ainda que a companhia está mais focada na venda de produtos de tíquetes maiores, acima de R$ 200. Ele explica que em tíquetes menores é mais difícil operar em um patamar de rentabilidade.