Marfrig e BRF se unem para formar gigante do setor de alimentos. (Foto: Adobe Stock)
A S&P Global Ratings elevou o rating (nota de crédito) global da BRF (BRFS3) de ‘BB’ para ‘BB+’, com perspectiva estável, após a aprovação da incorporação total da companhia pela Marfrig (MRFG3). A agência também reafirmou o rating nacional da BRF em ‘brAAA’, com perspectiva estável.
A decisão reflete a nova avaliação da agência sobre o papel estratégico da BRF no grupo Marfrig.
“Agora consideramos a BRF uma subsidiária core (essencial), em vez de apenas estrategicamente importante”, afirmou a S&P em comunicado. “Acreditamos que a incorporação proposta, aprovada por ambas as assembleias, reforça o papel-chave da BRF na estratégia do grupo como um todo.”
A BRF foi responsável por mais de 70% do Ebitda (lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos) consolidado da Marfrig em 2024, patamar que deve se manter em 2025.
Como vai funcionar a fusão entre Marfrig e BRF?
A Marfrig detém atualmente 58,87% da BRF e consolidará integralmente os ativos da empresa após a conclusão do processo de fusão, que ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do encerramento do prazo de retirada para acionistas minoritários dissidentes.
A operação será realizada por meio de uma troca de ações: cada ação da BRF será convertida em 0,8521 ação da Marfrig, que será posteriormente incorporada à nova empresa combinada, a MBRF Global Foods S.A.
Os acionistas que aderirem à transação também receberão dividendos adicionais: R$ 3,5 bilhões pagos pela BRF e R$ 2,5 bilhões pela Marfrig, previstos para o quarto trimestre de 2025, valores que podem variar conforme a adesão.
Fusão e diversificação fortalecem a BRF
Segundo a S&P, a reclassificação do risco da BRF também se baseia nos benefícios da fusão, como maior diversificação geográfica e de portfólio. A agência estima que a empresa manterá margens robustas, mesmo com as restrições à exportação de aves impostas por países como a China – apesar de o Brasil já ter sido declarado livre de influenza aviária para fins comerciais. A expectativa é de margens de Ebitda em torno de 15% e geração nominal de R$ 10 bilhões em 2025.
A agência avalia que a BRF manterá uma alavancagem confortável, com dívida líquida ajustada abaixo de 2 vezes o Ebitda, mesmo com os gastos mais altos com dividendos e capex (investimentos).
“A perspectiva estável reflete a da Marfrig, já que agora vemos a BRF com o mesmo risco de inadimplência”, disse a S&P. “A rentabilidade ainda sólida sustentará os fluxos de caixa.”
Entre os riscos monitorados pela agência estão o aumento da concorrência e dos custos, que poderiam pressionar margens e gerar necessidade de mais investimentos ou distribuição de dividendos. No entanto, a S&P considera que a BRF(BRFS3) tem colchão financeiro suficiente para enfrentar cenários adversos no curto e médio prazo.