Expectativa pela decisão do Cade sobre a fusão entre Marfrig e BRF movimenta ações e anima investidores. (Foto: Adobe Stock)
Nesta terça-feira (19), as ações da Marfrig (MRFG3) registraram alta de 0,34%, cotadas a R$ 23,44 às 15h37, em meio às expectativas pela decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a fusão da companhia com a BRF, prevista para amanhã (20). O movimento reflete a confiança do mercado no desfecho da operação, que deve criar uma gigante global de proteínas.
O Barclays, em relatório recente, manteve a recomendação overweight (equivalente à compra) para Marfrig, com preço-alvo de R$ 30.
O banco reconhece que o mercado de gado norte-americano segue desafiador e que não há previsão de aumentos expressivos de margem antes de 2027 ou 2028, mas reforça que a operação na América do Sul continua sólida.
A capacidade deve permanecer estável, apesar da venda de ativos, devido à maior eficiência operacional, criando uma melhor estrutura de custos em um ciclo de gado favorável.
Sobre a BRF, o Barclays manteve avaliação equal-weight (neutra), com preço-alvo de US$ 3,50 por ação, considerando a proposta de R$ 19,89 por papel na fusão.
O banco ressaltou que a empresa vem apresentando resultados acima das expectativas, mesmo em meio a dificuldades externas.
“Enquanto alguns mercados-chave, como China e Europa, ainda não reabriram, os esforços da companhia para expandir sua presença nos últimos anos permitiram redirecionar produtos para países que aceitam exportações brasileiras”, avaliou.
No segundo trimestre, a BRF reportou receita de R$ 15,4 bilhões, alta de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior, e lucro líquido de R$ 735 milhões.
Já a Marfrig viu suas receitas líquidas avançarem quase 9%, para R$ 38,7 bilhões, enquanto o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caiu 11%, para R$ 3 bilhões – resultado que, apesar da queda, superou estimativas mais cautelosas do Barclays.
A expectativa é de que a América do Sul entregue resultados fortes na segunda metade do ano, apoiada por eficiência operacional, demanda chinesa e abertura de novos mercados como Filipinas e Indonésia.
O Itaú BBA manteve recomendação neutra para a Marfrig, ressaltando a sensibilidade do valuation da futura MBRF, que pode variar conforme margens setoriais e o ritmo de desalavancagem – este último impulsionado pela esperada recuperação da carne bovina nos EUA.
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Já Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital, destacou que, em dia de volatilidade nos mercados, o papel da Marfrig se beneficia do efeito cambial e aparece como uma oportunidade de defesa.
Assim, às vésperas da decisão do Cade, o mercado acompanha de perto o desfecho da fusão. Para investidores e analistas, a criação da MBRF representa tanto riscos ligados à execução e ao cenário global de proteínas quanto uma chance de capturar sinergias relevantes e consolidar ainda mais a posição da Marfrig e da BRF no setor.