O ouro fechou em baixa nesta quinta-feira (21), pressionado pela valorização do dólar no exterior e pelo aumento dos juros dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) na ponta longa da curva. Os movimentos ocorrem em meio à perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos EUA, um dia após decisão monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) que foi lida como hawkish.
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O contrato do ouro para dezembro fechou em queda de 1,40%, em US$ 1.939,60 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).
“A ‘criptonita’ do ouro continua sendo um Fed hawkish, que está incentivando uma onda de vendas no mercado de títulos públicos”, comentou o analista da Oanda Edward Moya. A alta nos retornos dos títulos soberanos aumenta sua atratividade e prejudica a demanda por ouro, já que os dois são considerados ativos seguros. “Os rendimentos dos títulos do tesouro americano estão quase no pico, mas até que os riscos de recessão se tornem o cenário-base para os EUA o ouro poderá ter dificuldades em se estabilizar”, disse o economista em relatório.
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Além disso, a força da economia americana atestada na última rodada de dados econômicos também tende a pressionar o ouro, de acordo com leitura do analista do Julius Baer Carsten Menke. “A resiliência da economia e a probabilidade bastante baixa de uma recessão deverão levar a uma maior diminuição da procura de refúgios seguros”, afirmou.
A aceleração do impulso altista do dólar ante rivais também ajudou na debilitação da cotação do ouro, segundo comentário do analista de Mercados da ActivTrades, Alexander Londoño, em nota a clientes. Isso porque o avanço da moeda faz com que o metal fique relativamente mais caro para investidores que operam com outras divisas.
O aumento do dólar e dos juros dos Treasuries responde à sinalização de ontem do Fed de que manterá taxas em níveis restritivos por mais tempo, de olho nos diferenciais de juros após decisões monetárias do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) e do Banco Central Europeu (BCE).
“Embora a expectativa seja que tanto o BCE quando o Fed finalmente encerrem seus respectivos ciclos de aperto, apenas as autoridades dos EUA apresentaram argumentos convincentes sobre não precisarem cortar os juros no início de 2024”, comentou a consultoria Convera.
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