A Monte Bravo reduziu sua expectativa para o Ibovespa ao final deste ano, de 155 mil para 150 mil pontos, em meio à postergação do início do corte de juros americanos e a ruídos fiscais que elevaram a percepção de risco sobre os ativos brasileiros.
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Além disso, a corretora aumentou a projeção para a Selic do fim de 2024, de 10% para 10,50% ao ano. Este nível deve permanecer até o início de 2025, quando – no cenário-base – entende que haveria espaço para um ajuste adicional da taxa rumo a 9,50% em meados do ano.
Ao mesmo tempo, a expectativa da taxa de câmbio passou de R$ 4,90 para R$ 5,00 em 2024. Em relatório, a Monte Bravo explica que a modificação se deve ao aumento do prêmio de risco com as alterações das metas fiscais e por conta da maior aversão a risco dos investidores com relação a ativos no Brasil, na renda fixa como também na variável.
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Além do aumento das incertezas fiscais, diante do desafio elevado do governo em entregar o resultado primário de 2024 na meta, o balanço de riscos para a inflação do Brasil tem piorado desde a último Comitê de Política Monetária (Copom), com desancoragem das expectativas – ainda que o risco externo tenha diminuído de intensidade.
Diante da deterioração do quadro doméstico, a Monte Bravo avalia que a decisão correta do Banco Central deverá ser a de interromper o ciclo de redução da taxa Selic, mantendo-a em 10,50% na próxima reunião, na semana que vem. Na visão da corretora, a manutenção da taxa Selic deverá contribuir para reancoragem das expectativas de inflação, e manterá a política monetária em nível restritivo durante o período de incertezas.
A despeito do quadro incerto internamente e nos Estados Unidos, a Monte Bravo pondera que a perspectiva para os investimentos em ativos brasileiros em 2024 segue favorável. “Portfólios diversificados, de acordo com o horizonte e perfil de risco do investidor, tendem a gerar ganhos acima do CDI nos próximos 12 meses”, estima o relatório assinado por Alexandre Mathias, estrategista-chefe e Head de Research, e Bruno Benassi, analista de ativos.
Apesar de ter diminuído a estimativa para o Índice Bovespa, a corretora não alterou sua previsão de lucro por ação (LPA), argumentando que as estimativas já eram mais conservadoras do que o consenso de mercado. Os especialistas se dizem confiantes em suas expectativas devido ao bom desempenho da economia e das empresas brasileiras. No entanto, com juros mais altos, estimam um múltiplo de saída menor – de 9 para 8,75 – e esperam um fluxo menor vindo dos investidores locais.
A Monte Bravo ressalta que maio foi um mês desafiador para o Ibovespa, que encerrou o período com queda de 3%, acumulando desvalorização de 9% em 2024. Já o índice de small caps – que reúne ações de menor capitalização de mercado – teve um desempenho pior, refletindo, segundo a corretora, maior sensibilidade desse segmento de ações a juros elevados e falta de liquidez, com queda de 5,2% em maio e 12,0% no acumulado de 2024, respectivamente.
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Diferentemente dos últimos meses, porém, houve um descolamento mais forte dos ativos brasileiros em relação às principais bolsas e, principalmente, aos juros de 10 anos dos EUA. “Então, mesmo após a melhora de humor que impulsionou os ativos de risco globalmente, a Bolsa brasileira amargou mais um mês de performance negativa – com a piora da percepção fiscal fazendo muito preço”, explica.
Mesmo com a redução da projeção do Ibovespa para 150 mil pontos no final deste ano, a Monte Branco estima que o índice oferece um potencial de retorno da ordem de 22% até o fim de 2024. Segundo a corretora, os múltiplos da Bolsa brasileira seguem muito atrativos, com relação preço/lucro (P/L) de 7,5 vezes para os próximos 12 meses – abaixo da média histórica dos últimos 10 anos, de 11,1 vezes.
“Com uma posição técnica bem leve, acreditamos que basta uma mudança nos fluxos para bolsa repetir o movimento do final de 2023 e subir 20 ou 30 mil pontos em pouco tempo”, afirmam os especialistas. “No entanto, uma alta mais forte exige uma recuperação da credibilidade fiscal, que não parece provável neste governo”, ponderam.
A Monte Bravo avalia que, ao longo do primeiro trimestre de 2025, a redução das incertezas externas com as reduções de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e a manutenção da taxa Selic em nível substancialmente restritivo deverá gerar convergência da inflação para a meta de 2026. Este movimento permitirá que o Banco Central reduza a taxa de juros para 9,5% ao ano ao final
de 2025.
EUA
Para a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) desta semana, a Monte Bravo estima manutenção dos juros entre 5,25% e 5,50%. Apesar disso, mantém a expectativa de que o Fed reduzirá os juros a partir de setembro. “Os dados mais recentes endossam nossa tese de que a economia dos EUA está desacelerando e que o núcleo da inflação tende a cair nos próximos meses, abrindo espaço para cortar os Fed Funds a partir de setembro em direção a 3,75% em 2025.”