

A MRV (MRVE3), conglomerado de empresas imobiliárias, reportou um prejuízo líquido consolidado de R$ 249,8 milhões no quarto trimestre de 2024. A perda foi 138% maior do que no mesmo intervalo de 2023, quando houve prejuízo de R$ 104,9 milhões.
A principal divisão de negócios, a MRV, teve prejuízo líquido de R$ 17,7 milhões. Já no critério ajustado, a MRV teve lucro de R$ 78,2 milhões. O critério ‘ajustado’ exclui R$ 96 milhões em despesas contábeis (sem efeito no caixa) com o mecanismo de equity swap (envolve a negociação de ativos para redução de risco), referente à operação de recompra da ações da companhia mediante instrumento financeiro derivativo. Com a queda nas ações, houve ajuste na marcação a mercado da operação.
Sem contar esse efeito, o que mais pesou no balanço da MRV&CO no último trimestre do ano passado foi o resultado da Resia, subsidiária norte-americana, com prejuízo de R$ 237,7 milhões no período. A perda foi causada pela venda, com prejuízo, de um empreendimento em Austin marcado por custos de obra acima do previsto e receita de locação abaixo do esperado.
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Entre os demais negócios, a Urba teve lucro de R$ 4,6 milhões e a Luggo teve lucro de R$ 500 mil.
A receita líquida consolidada totalizou R$ 2,376 bilhões, aumento de 22,4% na mesma base de comparação anual. O avanço se deu em virtude do aumento das vendas de imóveis pela MRV no Minha Casa Minha Vida (MCMV) e da evolução da produção.
A margem bruta consolidada foi de 26,6%, avanço de 2,5 pontos porcentuais. A margem bruta da operação da MRV foi de 27%, expansão também de 2,5 pontos porcentuais, ajudada pelo aumento na receita e pela diluição de despesas. A MRV também afirmou que tem sido capaz de manter os custos de construção sob controle e abaixo da inflação setorial medida pelo INCC.
As despesas operacionais consolidadas alcançaram R$ 610 milhões, alta anual de 21,1%. O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma despesa líquida de R$ 174,5 milhões, salto de 219%, puxadas pela oscilação do equity swap.
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Nas operações do Brasil (MRV, Luggo e Urba), a MRV&CO fechou o quarto trimestre com dívida líquida de R$ 2,295 bilhões, baixa de 7,6% na comparação anual, e alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) foi para 40,1%, recuo de 2 pontos porcentuais.
Já na operação dos Estados Unidos (Resia), o cenário é mais delicado. A dívida líquida atingiu US$ 639 milhões, alta de 20,6%, com alavancagem de 227%, crescimento de 73 pontos porcentuais. No fim do ano passado, o grupo anunciou um plano de venda de US$ 800 milhões entre terrenos e empreendimentos para cortar a dívida ao longo dos próximos trimestres.
Resultados anuais da MRV (MRVE3)
Com estes resultados, a MRV&CO fechou 2024 com prejuízo líquido consolidado de R$ 503,2 milhões, uma piora na comparação com 2023, quando teve prejuízo consolidado de R$ 29,8 milhões. No critério ajustado (sem o equity swap), o prejuízo de 2024 foi de R$ 128,2 milhões. A receita operacional líquida no ano totalizou R$ 9,009 bilhões, aumento de 21,6%.
Apesar dos percalços, a companhia atingiu todas as metas para 2024 que foram propostas para o segmento de incorporação, que compreende apenas a MRV (MRVE3): A receita aí foi de R$ 8,5 bilhões (meta era R$ 8 bilhões a R$ 8,5 bilhões); a margem bruta foi de 26,4% (meta era 26% a 27%); a geração de caixa foi de R$ 419 milhões (superando a projeção de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões); a alavancagem bateu em 35,7% (era 34% a 36%); e o lucro líquido foi de R$ 274 milhões (era R$ 250 milhões a R$ 290 milhões).