Ações da Natura (NATU3) caem forte após balanço do 2T25, com pressão da Avon e perspectivas de recuperação apenas em 2026.
(Foto: Adobe Stock)
As ações da Natura (NATU3) recuavam 6,38% nesta terça-feira (12), às 15h15 (de Brasília), cotadas a R$ 8,80 cada uma, na maior baixa do Ibovespa, que avançava 1,96%, aos 138.283 pontos, no mesmo horário. O movimento refletia a reação do mercado aos resultados do segundo trimestre e à percepção de que a companhia ainda enfrenta desafios relevantes, especialmente com a marca Avon.
No período, a Natura&Co registrou lucro líquido consolidado de R$ 195,1 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 859 milhões de um ano antes.
O resultado foi impulsionado por menores despesas financeiras líquidas e melhora nas operações da América Latina, embora tenha sido parcialmente afetado por custos de integração e despesas estratégicas da holding.
De acordo com a companhia, sem os efeitos não recorrentes, o lucro líquido recorrente se aproximaria de R$ 570 milhões, o que daria uma visão “mais limpa” do desempenho do negócio principal – a Natura &Co Latam.
O Ebitda (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) recorrente somou R$ 795,6 milhões, alta de 4,5% na comparação anual, com margem de 14%, refletindo ganhos de margem bruta e redução de despesas corporativas, apesar da implementação da segunda fase do projeto de integração no México e dos preparativos na Argentina.
A receita líquida, por sua vez, recuou 1,7% em reais, para R$ 5,69 bilhões, mas cresceu 5,5% em moeda constante.
O avanço foi sustentado pelo crescimento de dois dígitos da marca Natura no Brasil (+10,3%) e na Hispana (+17,8%), compensando parte da queda da Avon no Brasil (-12,9%) e na América Hispânica (-13,6%).
Avon como pedra no caminho
O presidente-executivo da empresa, João Paulo Ferreira, admitiu que a Avon seguirá sendo um ponto de pressão nos próximos trimestres. Ferreira afirmou:
Devemos ter dificuldades com a Avon neste ano e só devemos ver resultados consistentes em 2026.
Segundo ele, o desempenho mais fraco está ligado ao reposicionamento da marca e à necessidade de renovar o portfólio de produtos – um processo de maturação mais longo.
Ainda assim, Ferreira destacou que “a marca Natura tem mais que compensado as dificuldades com a Avon”, com ganho de participação de mercado, especialmente no Brasil.
A companhia avançou no processo de simplificação e na venda de ativos. O presidente-executivo informou que os processos de separação ou possível venda da Avon International e da Avon América Central e República Dominicana “avançaram de forma significativa” nos últimos meses, com alta probabilidade de conclusão em até 12 meses.
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Essas operações, agora classificadas como “mantidas para venda”, registraram prejuízo de R$ 250 milhões no trimestre, enquanto as operações continuadas na América Latina, que excluem essas unidades, lucraram R$ 445 milhões, com expansão de margem e geração de caixa.
A diretora financeira (CFO), Silvia Vilas Boas, explicou que o índice de dívida líquida/Ebitda subiu para 2,18 vezes, frente a 1,43 vez no trimestre anterior, devido principalmente à desconsolidação das posições de caixa e ao consumo de caixa da Avon International.
Negócios como o da Natura têm variações sazonais de caixa, com maior geração no quarto trimestre.
Vilas Boas ainda ressaltou que a simplificação da holding e o foco nas operações da América Latina reforçam a capacidade de manter a alavancagem dentro do intervalo considerado saudável pela companhia. A meta é fechar 2025 entre 1 e 1,5 vez o Ebitda.
No balanço, a Natura (NATU3)também destacou a conclusão da fusão da Natura &Co com a Natura Cosméticos em 1º de julho e a continuidade de projetos estratégicos, mesmo diante da pressão de curto prazo nas ações.