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- Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central, foi indicado para a presidência do BC no fim de agosto
- Nesta terça-feira (8), enfrentou uma sabatina no Senado e teve o nome aprovado com unanimidade pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)
- Para Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, Galípolo é o “menino dos olhos” de Lula para a política monetária
Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central, foi indicado para a presidência do BC no fim de agosto. Nesta terça-feira (8), enfrentou uma sabatina no Senado e teve o nome aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Ainda deve enfrentar uma deliberação no plenário.
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Neste primeiro momento, a postura de Galípolo na sabatina agradou o mercado. O economista reforçou a autonomia do Banco Central para tomar decisões sobre os juros e adotou o tom de continuidade em relação ao trabalho feito por Roberto Campos Neto, atual presidente.
“Para investidores e agentes econômicos, a mensagem foi de previsibilidade, reforçando que mudanças bruscas não estão no horizonte. Isso deve trazer alívio para aqueles que temiam intervenções mais agressivas. A aprovação unânime sinaliza um bom ambiente de diálogo entre o governo e as instituições financeiras, o que pode fortalecer a credibilidade do BC nos próximos anos”, diz Jefferson Laatus, chefe-estrategista do Grupo Laatus.
Este “alívio” em relação aos temores de intervenção acontece porque, quando foi indicado pelo governo para o cargo de diretor, em 2023, houve uma reação negativa do mercado. Galípolo era visto como um economista “heterodoxo”, mais leniente com a inflação e gastos, e alinhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
História de Galípolo
Nascido em 1982, Galípolo é graduado em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, onde também cursou mestrado em Economia Política. Entre 2007 e 2008, foi chefe da assessoria econômica da secretaria dos transportes metropolitanos do Estado de São Paulo e diretor da unidade de estruturação de projetos de concessão.
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Ele também teve uma consultoria entre 2009 e 2022. Após, foi CEO do Banco Fator, conselheiro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), até chegar ao posto de secretário executivo do Ministério da Fazenda, em 2023, mesmo ano em que foi indicado à diretoria do Banco Central. Agora, se prepara para assumir a principal cadeira da autoridade monetária.
“Galípolo ingressou na vida pública recentemente, apesar de ter atuado brevemente como na assessoria econômica da Secretaria de Transportes em 2007”, destaca José Alfaix, economista-chefe da Rio Bravo Investimentos.
Para Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, Galípolo é o “menino dos olhos” de Lula para a política monetária. E isso não é algo necessariamente ruim.
“Conselheiro desde a campanha eleitoral de 2021, ele fez parte da equipe de transição do governo. Após a posse, virou homem de confiança, e vem se mostrando bastante técnico até então, normalmente seguindo o voto do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ainda que este tenha recebido diversas críticas de Lula”, diz Alves.
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Agora, o mercado deve ficar atento aos primeiros passos dele em 2025, quando assumir o cargo. “Gabriel Galípolo já afirmou diversas vezes que deve manter a sua independência na tomada de decisão, o que será fundamental pelo segurança econômica nos próximos anos”, afirma o planejador financeiro. A mesma visão é compartilhada por Valter Bianchi Filho, sócio fundador da Fundamenta Investimentos. “Retóricas à parte, serão nas atitudes dele que o mercado irá prestar muita atenção. Terá muito êxito no mandato se conquistar a confiança dos agentes e não se deixar contaminar pelas pressões políticas”, diz.
O novo presidente também terá vários desafios à frente. “O cenário geopolítico continua pressionando os preços globais, e as questões fiscais do Brasil permanecem como uma fonte de preocupação para o mercado”, reforça Tayllis Zatti, head de conteúdo da Faz Capital.