Operação Carbono Oculto: Ministério Público nega envolvimento da Genial Investimentos em operação da PF
Corretora foi citada na Operação Carbono Oculto apenas para fornecer dados sobre o Fundo Radford e afirma ter cumprido todas as diligências de compliance
A operação Carbono Oculto investiga 17 distribuidoras e mais 1.000 postos de combustíveis (Foto: Werther Santana/Estadão)
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que a Genial Investimentos não está entre as instituições financeiras investigadas na Operação Carbono Oculto, ação da Polícia Federal (PF) que tem como objetivo apurar um esquema de lavagem de dinheiro ligado a fundos de investimento e negócios do setor de combustíveis.
A corretora é considerada pelo órgão um “terceiro de boa-fé e mencionado apenas para fornecer informações sobre o Fundo Radford“, conforme comunicado divulgado pela instituição ao mercado nesta quinta-feira (4). Nessa condição, a única obrigação do banco foi fornecer informações sobre o fundo.
O nome do banco surgiu nos autos apenas em função da administração temporária do Radford Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado, que foi alvo de bloqueio judicial e de pedido de informações por parte das autoridades. O fundo aparece entre os quarenta alvos das investigações.
Criado em julho do ano passado, é um fundo fechado, ou seja, suas cotas não estão disponíveis para negociação na B3, e conta apenas com um cotista. Em julho, registrava patrimônio líquido de cerca de R$ 170 milhões.
Um termo de reunião firmado entre o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e representantes da Genial registra que o Radford foi incluído na lista de fundos sob investigação, com determinação judicial de bloqueio de seus ativos e solicitação de dados cadastrais, bancários e fiscais.
Genial se manifesta sobre envolvimento de fundo na Carbono Oculto
A Genial diz, em comunicado, que foi surpreendida ao ver seu nome relacionado à operação. No texto, a instituição afirma que o Radford foi estruturado originalmente por outros prestadores de serviços e que só assumiu a gestão em agosto de 2024. Na ocasião, segundo o banco, foram realizadas diligências sobre o investidor exclusivo e sobre a carteira de ativos.
A corretora também pontua que seguiu rigorosamente todos os procedimentos de compliance(conjunto de disciplinas que mantêm o empreendimento em conformidade com leis, normas e regras), rastreando a estrutura societária do fundo até a identificação do beneficiário final.
Como medida de precaução, diz o banco, os ativos do fundo foram bloqueados e a instituição renunciou à sua administração, mantendo apenas a custódia temporária até a definição de um novo gestor. O banco também afirma repudiar qualquer insinuação de envolvimento e reforça que mantém padrões elevados de governança corporativa.
“A Genial enfatiza que não há impactos em suas atividades e nas atividades das empresas de seu grupo econômico. Todas as atividades continuam a ser desempenhadas de forma rotineira e normal, em consonância com os mais elevados padrões de governança corporativa, ética e compliance regulatório, em estrita observância da legislação, da regulamentação aplicável e de seus deveres fiduciários que norteiam sua atuação”, completa a nota.
O que é a Operação Carbono Oculto
A Operação Carbono Oculto foi deflagrada em São Paulo e em outros nove Estados. O objetivo é investigar movimentações bilionárias de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, inclusive com participação do Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com a Receita Federal, embora a região da Faria Lima, em São Paulo, concentre fundos regulares, foram identificados aproximadamente 40 veículos financeiros usados para blindagem patrimonial ligada ao crime organizado.
Entre as instituições investigadas diretamente estão gestoras como a Reag e a Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM), que tiveram mandados de busca e apreensão cumpridos. Outras empresas apareceram nos autos, como a Genial, mas sem qualquer medida cautelar ou menção como investigadas.