A cotação do ouro recuou nesta sexta-feira (30), com investidores realizando lucros após as recentes máximas, em meio a um dólar mais forte. O movimento ocorre enquanto os mercados digerem os desdobramentos mais recentes da disputa tarifária iniciada pelo presidente americano, Donald Trump, e um novo relatório de inflação mais branda nos Estados Unidos, que manteve vivas as apostas por cortes de juros ainda neste ano pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA).
Na Comex, divisão de metais da Bolsa de Nova York (Nymex), o contrato do ouro para junho caiu 0,85%, a US$ 3.288,9 por onça-troy. Na semana, o metal acumulou perda de 2% e, em maio, recuou 0,28%. No acumulado do ano, no entanto, o ouro ainda sobe 22%.
Para David Meger, da High Ridge Futures, o ouro passa por um momento de consolidação. “O metal está sob leve pressão com uma menor demanda por proteção, mas parece que haverá resistência significativa por parte de Trump, o que eventualmente pode sustentar os preços”, afirmou.
Na quarta-feira, a Justiça americana derrubou parte das tarifas impostas por Trump, mas a decisão foi suspensa temporariamente pela Corte de Apelações dos EUA na quinta-feira. O impasse segue, já que a decisão se refere apenas às tarifas recíprocas, mantendo incertezas sobre as setoriais, segundo analistas do Commerzbank. Para o banco, isso reforça o clima de cautela e sustenta a expectativa de cortes nos juros, o que tende a favorecer o ouro como ativo de proteção.
Mesmo com as novas tensões entre Estados Unidos e China, após Trump acusar Pequim de violar o acordo comercial, o metal precioso perdeu força. Na quinta-feira, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que as negociações com a China estão “um pouco paradas”, alimentando o clima de incerteza nos mercados.
Do lado macroeconômico, a inflação mais fraca nos EUA em abril não deve alterar a postura cautelosa do Fed, segundo o ING. Apesar do alívio, o banco alerta que novas tarifas podem pressionar os preços nos próximos meses, o que limitaria a margem de manobra do banco central. Ainda assim, o ING projeta um corte de juros em setembro.