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Ex-Banco Central: “Investidores em países emergentes têm mais critério de longo prazo”

A declaração foi feita pelo ex-presidente do Banco Central Alexandre Tombini

Ex-Banco Central: “Investidores em países emergentes têm mais critério de longo prazo”
(Foto: Envato Elements)

Os recentes episódios de estresse com o veloz aperto monetário ao redor do globo seguido por turbulências bancárias nos Estados Unidos e na Europa mostraram que o perfil dos investidores em mercados emergentes mudou e para melhor, de acordo com o ex-presidente do Banco Central (BC) Alexandre Tombini. Diferente do que aconteceu na década de 1990, quando muitos fugiram dessas economias ao primeiro sinal de problema, os detentores de dívida desses países estão se tornando mais criteriosos e adotando uma perspectiva de longo prazo, segundo ele.

“O contágio entre os países parece ter diminuído consideravelmente à medida que os investidores aprendem mais sobre as economias e mercados de forma individualizada”, afirmou Tombini, atual representante do Banco de Compensações Internacionais (BIS) para as Américas – uma espécie de banco central dos bancos centrais.

Segundo ele, tal mudança se deve a várias iniciativas, que vão desde a publicação de dados até a interações regulares com investidores. No entanto, algumas situações de estresse como a pandemia, exemplificou, mostram que ter uma base de investidores não é suficiente e podem exigir que os bancos centrais façam intervenções nos mercados para fornecer liquidez.

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Tombini, que foi presidente do BC durante os dois mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff, reforçou o coro sobre a importância de os países da América Latina controlarem a inflação e também os programas de metas. “A inflação baixa e estável ajuda a reduzir o custo do financiamento para os governos”, disse ele, acrescentando que a mudança para a emissão de moeda local em prazos longos seria “impensável” sem o sucesso das metas de inflação.

O representante do BIS disse ainda que o nível de dívida dos países da América Latina é elevado, mas administrável. “Exceto na Argentina, a sustentabilidade da dívida não é atualmente um problema nas grandes economias latino-americanas”, afirmou.

Apesar disso, Tombini alertou que uma dívida soberana mais alta pode reduzir o espaço para políticas, tornando mais difícil lidar com choques futuros e implicar a política monetária. Ele ainda disse que as economias da América Latina precisam estar atentas quanto à importância de manter as contas públicas em bases sólidas, ou seja, com consolidação fiscal e a adoção de regras fiscais confiáveis, estimular o potencial de crescimento e fazer reformas.

“Além das reformas fiscais, isso requer reformas do lado da oferta que liberem o potencial de crescimento e melhorem o clima para o investimento privado crucialmente necessário”, afirmou Tombini. Segundo ele, os bancos centrais também têm papel importante quanto à gestão inteligente da dívida soberana.

Na visão de Tombini, os países latino-americanos fizeram grandes progressos na gestão de sua dívida soberana e o próximo desafio é a digitalização. Ponderou, contudo, que os benefícios do processo de tokenização serão obtidos apenas se os bancos centrais e outras entidades trabalharem juntos e garantirem a interoperabilidade. “Poderíamos nos encontrar à beira de mais uma revolução nos mercados de valores mobiliários”, concluiu.

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O ex-presidente do BC participou de painel na reunião Anual de 2023 da Associação de Pesquisa do Banco Central (Cebra, na sigla em inglês), na sede do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Nova York. A Cebra, baseada na Suíça, conecta pesquisadores de 60 bancos centrais, instituições financeiras internacionais e da academia.

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