Fachada da sede da Petrobras, no Rio. Foto: Wilton Junior/Estadão
A Petrobras (PETR3;PETR4) informou na noite de quarta-feira (13) que não há qualquer estudo para a criação de uma nova reserva de capital por parte da petroleira. O posicionamento ocorre após os rumores de que a empresa estaria estudando o desenvolvimento de um novo fundo para receber dividendos extraordinários com foco em investimentos.
Para o BTG Pactual, a criação dessa nova reserva para investimentos faz pouco sentido e parece redundante. Isso porque a empresa já possui uma reserva de lucros que, em termos práticos, pode ser utilizada para garantir que a Petrobras cumpra os seus planos de investimentos ao longo dos anos.
De acordo com o banco, o fundo sempre foi utilizado para esse fim, conforme a Lei 6.404 de 1976, mais conhecida como Lei das SAs. A legislação estabelece que parte dos investimentos de qualquer empresa deve ser garantida por essa reserva de lucros, que encerrou 2023 em US$ 8,3 bilhões, no caso da Petrobras. Levando-se em consideração esse valor, um novo fundo não parece necessário, na visão do BTG, mesmo que a estatal reveja os seus planos de investimentos no curto prazo.
Além disso, adicionar novos projetos à curva de investimentos da petroleira exigiria alterações no seu Plano Estratégico de 5 anos, atualizado anualmente. O programa, porém, só costuma ser remodelado em novembro.
Postura do BTG com as ações da Petrobras
Em relatório, o BTG destacou ainda que passou a adotar um tom mais cauteloso em relação à Petrobras desde a semana passada, quando a empresa anunciou que não iria distribuir dividendos extraordinários. Na última sexta-feira (8), a estatal passou pelo seu pior pregão desde 22 de fevereiro de 2021, no caso das ações ordinárias (PETR3), e desde outubro de 2022 para as preferenciais (PETR4), segundo levantamento feito por Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria.
No entanto, o BTG ainda acredita que o rendimento de dividendos da petroleira permanece atraente, estimado em 13% ao ano para 2024, mesmo assumindo apenas pagamentos orgânicos, correspondentes a 45% do fluxo de caixa livre menos o Capex (dinheiro que uma empresa reserva para aquisição de bens materiais).
“As ações parecem baratas em comparação aos seus pares globais e a mercados emergentes. A menos que vejamos mudanças mais concretas na equipe de executivos da gestão, bem como nos estatutos da empresa, acreditamos que a Petrobras continuará a acumular dinheiro. Isto pode levar ao pragmatismo e convencer o controlador de que a empresa pode equilibrar tanto o crescimento como os pagamentos mais elevados”, destacou o BTG em relatório, reiterando recomendação de “compra” para os papéis.