A Petrobras, principal petroleira brasileira. (Foto: Adobe Stock)
A Petrobras (PETR3; PETR4) segue comprometida em manter a atual política de dividendos, mas não descarta suspender novos investimentos caso o Brent escorregue para um cenário mais pessimista, aponta o Itaú BBA após se encontrar com o diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo.
A administração, aponta o BBA, reiterou que o desembolso previsto até 2026 está preservado e pode até subir se a plataforma P-80 for antecipada de 2027 para 2026. Esse adiantamento elevaria o capex (investimento) do próximo biênio e reduziria o de 2027, reforçando a confiança na meta de produção de 2,5 milhões de barris por dia em 2026, com possibilidade de alcançar cerca de 2,6 milhões se os aportes em Búzios forem acelerados.
Os cortes de custos, segundo os analistas Monique Greco Natal, Eric de Mello e Eduardo Mendes, virão principalmente das despesas não operacionais ligadas a plataformas hibernadas e ocorrerão de forma gradual. Outro alívio deve advir da queda do lifting cost (custo de extração de petróleo) em direção a aproximadamente US$ 5,5 por barril. A redução nas despesas com leasing decorre da troca de unidades arrendadas por modelos de build-operate-transfer (BOT) ou próprios, menor uso de recursos de apoio e a não renovação de contratos em épocas de diárias elevadas.
Apesar do bom desempenho operacional, o Itaú BBA relata que alguns investidores diminuíram posição em Petrobras diante dos atuais dividendos de um dígito, inferiores aos cerca de 20% vistos anos atrás. O temor de que o petróleo recue para abaixo de US$ 60 por barril e a percepção de menor flexibilidade da companhia para cortar capex nos próximos dois anos alimentam receios sobre aumento da dívida bruta.
A entrada no segmento de etanol apareceu em todas as reuniões: embora o aporte seja pequeno no conjunto do capex, parte do mercado prefere foco nas atividades centrais e rejeita participações minoritárias fora do upstream; outros veem a iniciativa como passo rumo à transição energética e pedem clareza sobre escala, relata o BBA. Possíveis interferências governamentais no planejamento de investimentos também surgiram nas conversas.
Outras análises de mercado do Itaú BBA
Prio
Quanto à Prio (PRIO3), o banco observa que o potencial de geração de caixa, sobretudo em Peregrino e Wahoo, continua chamando atenção, mas a exposição de investidores recuou em meio ao ambiente de petróleo mais fraco, limitações operacionais recentes e seguidas postergações de fluxo de caixa. Ainda assim, afirmam os analistas, houve avanço com a obtenção das licenças ambientais de Wahoo, que deve iniciar produção em março ou abril de 2026. O compromisso da Petrobras com campos do pós-sal é visto como suporte à capacidade da Prio de devolver capital aos acionistas, diz a casa, já que oportunidades de fusões e aquisições com a estatal parecem limitadas no curto prazo.
Vibra
Para a Vibra (VBBR3), o Itaú BBA destaca que a companhia está bem posicionada para se beneficiar das ações contra a informalidade no setor. O ganho de participação de mercado em outubro, depois da paralisação da Refit, tende a se ampliar, especialmente se avançarem em 2026, no Congresso, pautas voltadas a coibir práticas irregulares, afirmam os analistas. A decisão de enxugar operações e focar exclusivamente na distribuição de combustíveis agradou investidores que buscam exposição direta ao segmento, embora parte deles não espere desfecho próximo para a venda da Comerc.