O analista Daniel Cobucci, da BB Investimentos, avaliou que o relatório de produção da Petrobras (PETR4) mostrou importantes avanços operacionais e veio em linha com as suas previsões. Mas fatores como as incertezas globais com as disputas tarifárias, que trazem impacto para o crescimento econômico e demanda por petróleo, levaram à alteração da recomendação de compra para neutra, mantendo o preço-alvo de R$ 48,50 para 2025.
No relatório, o analista destaca o ramp-up no campo de Búzios, bem como crescimento nas vendas de derivados na comparação anual, a evolução operacional no segmento refino, transporte e comercialização (RTC), assim como a conclusão da ampliação na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), os testes com SAF (combustível de aviação sustentável) e biorefino. Como contraponto, o analista ressaltou a menor taxa de utilização no refino, devido à parada na Rnest, e números mais fracos em gás e energia, “como esperado”.
“No entanto, ainda que os dados reportados sejam majoritariamente positivos, entendemos que o contexto do setor ganhou fortes incertezas em relação à demanda por petróleo, o que já vem se refletindo nos preços da commodity”, afirmou Cobucci, lembrando que o petróleo está sendo negociado abaixo de US$ 70 o barril pela primeira vez desde 2021.
A mudança de recomendação da ação, segundo ele, está calcada nas preocupações de curto/médio prazo por conta do contexto global de guerra tarifária e impactos na demanda e preços de petróleo, bem como na aversão ao risco sobre esse setor quando ocorrem mudanças tão súbitas no mercado de commodities, com possíveis impactos sobre a companhia ao longo dos próximos trimestres, “ainda que mantenhamos nosso olhar construtivo para o longo prazo.”, disse.
Para ele, a Petrobras segue com vantagens estratégicas e valuation atrativo, com planos de entradas de novas plataformas, baixo patamar de alavancagem e uma regra de dividendos alinhada aos principais pares globais, pagando 45% do fluxo de caixa livre.
“Tais elementos, em conjunto com a continuidade de foco no pré-sal, a manutenção do endividamento abaixo de US$ 65 bilhões, e as atuais políticas de dividendos e de preços, seguem dando suporte para um viés otimista no longo prazo, em especial considerando o custo de extração mais baixo do que pares, o que traz mais resiliência para cenários como o atual”, explicou.
Ações
O analista destacou ainda que as ações da petroleira ficaram para trás na recente recuperação do Ibovespa. O papel caiu 16,8% nos últimos 30 dias, ante uma alta de 2,4% do índice da B3.
Cobucci informou que, em um prazo mais longo, porém, a performance segue bastante positiva, subindo 85% nos últimos dois anos, contra 29,4% do Ibovespa, refletindo uma mudança no patamar de receitas, margens e boa gestão de custos.
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“No entanto, vemos um momento de incertezas globais com o andamento de disputas tarifárias e consequentes impactos em crescimento econômico e na demanda e preços de petróleo, contexto que deve pressionar as cotações da companhia e sugere ser um bom momento para aguardar definições mais estruturais antes de retomar as compras, ainda que a Petrobras siga com condições operacionais e financeiras muito boas. Portanto, alteramos nossa recomendação para neutra, mantendo o preço-alvo de R$ 48,50 para 2025”, concluiu o analista.