A proposta do reajuste de 43,88% na remuneração fixa do presidente, diretores e membros do conselho de administração da Petrobras (PETR4) foi reprovada por 74,3% dos votos de acionistas minoritários da empresa que votaram por meio do boletim de voto à distância, o BDV. A proposta de aumento foi antecipada pelo Broadcast em março.
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A aprovação ou não do reajuste, entretanto, segue em aberto, uma vez que esses votos à distância representam somente 11,1% de um universo total de 7,44 bilhões de ações ordinárias, aquelas que dão direito a voto em assembleia. A maior parte desses papéis, 50,26%, são detidos pela União, acionista majoritária.
Será o governo, representante da União, portanto, quem vai dar a palavra final sobre o aumento de salário à cúpula da Petrobras durante a assembleia marcada para esta quinta-feira, 27. O Broadcast apurou que o governo Lula (PT) pode recuar e também votar contra a proposta de aumento feita pela atual gestão.
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Embora os salários de executivos da Petrobras estejam aquém do mercado e, em alguns casos, sem reajustes há oito anos, a pauta é considerada impopular, sobretudo em área politicamente sensível para Lula devido ao histórico de corrupção na estatal sob governos petistas.
Além disso, o reajuste proposto pela atual diretoria irritou alas do Ministério de Minas e Energia (MME), que indica membros ao conselho de administração da empresa, assim como boa parte dos petroleiros, categoria aliada ao governo dentro da empresa, e que tem feito pressão contrária ao aumento, restrito à alta cúpula da estatal.
BDV
Ao todo, os donos de 617,5 milhões de ações ordinárias, ou 74,3% do universo de 831,2 milhões de votos à distância, rejeitaram o aumento salarial à cúpula da estatal. Outras 209,8 milhões de ações foram usadas favoravelmente ao aumento, enquanto 3,7 milhões foram usadas para abstenção.
Essa votação, embora parcial, mostra a posição de reprovação dos investidores privados da empresa com relação ao aumento de salários proposto pela gestão de Jean Paul Prates.
À época da revelação da proposta de aumento, que foi aprovada pelo conselho de administração, a Petrobras informou que a decisão “considerou os resultados positivos obtidos pela companhia e a defasagem da remuneração dos administradores em relação ao mercado”.
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O congelamento da remuneração da alta administração da empresa por oito anos foi o principal argumento usado para justificar a proposta.
Em comunicado, a estatal chegou a mencionar “pesquisas” apontando que a atual remuneração do presidente da Petrobras equivale a 19% da mediana da remuneração total anual de seus pares no mercado. No caso dos diretores, a remuneração atual equivaleria a 55% do que é percebido pelos pares de outras empresas”
A defasagem salarial de administradores ante o mercado, explicou então a Petrobras, foi ampliada nos últimos anos em função do congelamento da remuneração da diretoria, o que não ocorreu com o restante da força de trabalho, que teve sua remuneração atualizada ao longo deste período. Entre 2017 e 2021, o corpo de funcionários da Petrobras teve os salários reajustados em 19,72%, segundo dados divulgados pelo governo.