Prisão domiciliar de Bolsonaro: como mercado pode reagir à decisão de Alexandre de Moraes
Decisão do STF sobre Bolsonaro agita o mercado financeiro, reacende preocupações tarifárias e é vista como marco antecipado na corrida eleitoral de 2026
Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, está em prisão domiciliar após decreto de Alexandre de Moraes (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Os investidores monitoram nesta terça-feira (5), os desdobramentos da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, decretada ontem pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, a decisão pode acentuar temores de uma nova ofensiva tarifária por parte do presidente dos EUA, Donald Trump.
O anúncio gerou reações imediatas no mercado: na primeira hora após a decisão, na tarde de segunda-feira (4), o EWZ – principal Exchange Traded Fund(ETF) brasileiro negociado em Nova York – reverteu os ganhos da sessão regular (+1,05%) e passou a operar em queda no after hours. Às 19h08 (horário de Brasília), registrava baixa de 0,97%.
Embora já fosse aguardada, a notícia tende a ser recebida com desconforto pelos investidores, segundo o analista Artur Horta, da GTF Capital. “Tão indigesta como recebeu as primeiras medidas cautelares contra o ex-presidente”, avalia.
“Não acredito em reação imediata de Trump, mas, se reagir, certamente as coisas vão piorar”, afirma Luiz Roberto Monteiro, da mesa institucional da Renascença.
Já para o o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, a prisão domiciliar de Bolsonaro tende a ser recebida com alguma neutralidade pelos investidores em ativos brasileiros. Padovani observa que, entre esses agentes, majoritariamente, não havia expectativa de que Bolsonaro conseguiria se viabilizar como candidato em 2026 – embora permaneça em aberto a importante questão de quem ele irá apoiar.
Termômetro para as eleições de 2026
Monteiro também acrescenta que, com a ação de Moraes, “a largada para as eleições de 2026 já foi dada”, além do desempenho das empresas brasileiras agora à noite já ser um direcional para amanhã, 5 de agosto, citando a reversão de sinal do EWZ em NY após a notícia.
Daniel Teles, da Valor Investimentos, concorda. Para ele, a prisão era esperada, apenas uma questão de “quando”, mas ainda assim o mercado pode reagir mal, ao interpretar a medida como uma neutralização da direita e fortalecimento de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como candidato à reeleição.
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Além do risco tarifário, o especialista Rafael Passos, da Ajax Asset, aponta pressão de alta sobre o dólar, aumento nos prêmios das curvas de juros futuros e impactos negativos, especialmente sobre ações de bancos e estatais.
Passos também destaca que agências de classificação de risco, como Moody’s e Fitch, podem adiar elevações de nota ou emitir alertas. Ele cita ainda as manifestações a favor de Bolsonaro no dia anterior como sinal de sua resiliência política.