A Raízen (RAIZ4) registrou prejuízo líquido de R$ 2,514 bilhões no quarto trimestre do ano fiscal 2024/25, que compreende o período entre 1° de janeiro e 31 de março de 2025, uma alta de 186% ante o prejuízo de R$ 879 milhões que havia sido registrado em igual intervalo do ano fiscal anterior.
A receita líquida da Raízen cresceu 7,5% na base anual, de R$ 53,685 bilhões de janeiro a março de 2024 para R$ 57,727 bilhões em igual período de 2025. O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou positivo em R$ 1,721 bilhão, queda de 53,3% ante os R$ 3,686 bilhões de igual trimestre do ano anterior, em valores ajustados.
A alavancagem da Raízen, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado dos últimos 12 meses, subiu de 1,3 vez no quarto trimestre de 2023/24 para 3,2 vezes em igual período de 2024/25. A dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 34,26 bilhões, o que representa um aumento de 78,9% em relação ao ano anterior. Já o capex (investimento) do trimestre totalizou R$ 4,507 bilhões, recuo de 12% ante os R$ 5,120 bilhões de 2023/24.
No acumulado do ano fiscal, a Raízen registrou prejuízo líquido de R$ 4,177 bilhões, revertendo o lucro de R$ 614 milhões do ciclo anterior. A receita líquida avançou 15,8%, de R$ 220,454 bilhões para R$ 255,269 bilhões. Na mesma base de comparação, o Ebitda ajustado ficou positivo em R$ 10,820 bilhões, queda de 25,9% ante R$ 14,609 bilhões do ano anterior.
O resultado negativo é atribuído principalmente ao clima severamente seco e às queimadas que afetaram os canaviais da Região Centro-Sul, afetando fortemente o desempenho do segmento de Etanol, Açúcar e Bioenergia (EAB), segundo a companhia.
“Esse cenário resultou em menor disponibilidade de produto, alteração do mix de produção, redução do rendimento industrial e menor diluição de custos”, destacou a administração da companhia em mensagem no balanço da Raízen divulgado nesta terça-feira.
O capex do ciclo totalizou R$ 11,910 bilhões, recuo de 6% ante os R$ 12,665 bilhões de 2023/24. Segundo a empresa, isso refletiu a estratégia de racionalização de aportes diante do novo foco operacional.
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A Raízen processou 78,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na temporada 2024/25, queda de 7,1% em relação ao volume processado no ano-safra anterior. No acumulado da safra, houve alta de 1,5% do ATR (135,8 kg/tonelada ante 133,8 kg/tonelada em 2023/24) e queda de 10,6% do TCH.
A produção de açúcar recuou 12,6%, para 5,103 milhões de toneladas. A produção de etanol de primeira geração ficou em 3,137 milhões de metros cúbicos, recuo de 0,3% ante 2023/24. Já a produção de etanol de segunda geração (E2G) avançou 63,3%, para 58.8 mil metros cúbicos. O mix de produção foi dividido em 50% para açúcar e 50% para etanol.
O desempenho do EAB (etanol, açúcar e bioenergia) foi o mais afetado, com recuo de 77,4% no Ebitda ajustado no quarto trimestre (janeiro a março) e queda de 18,1% no ano-safra, totalizando R$ 5,96 bilhões. O segmento de distribuição de combustíveis no Brasil também apresentou retração, com Ebitda ajustado de R$ 3,5 bilhões (-23,4%) na temporada e de 38,8% no trimestre. Já na Argentina, os resultados foram mais estáveis, com queda de 5,7% no indicador em todo o ano-safra.
Diante desse cenário, a companhia anunciou uma reorganização estratégica. Desde abril de 2025, iniciou um novo ciclo com foco no core business, simplificação das operações e redução de despesas. “Avançamos na reciclagem do portfólio de ativos, renovamos a liderança dos negócios e reorganizamos a estrutura organizacional, alinhando os principais pilares culturais para um novo ciclo”, informou a Raízen (RAIZ4).