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Reação de mercado por temor de recessão nos EUA é exagerada, diz CEO do Bradesco

A fala de Marcelo Noronha é referente a queda de 12,40% no índice de ações do Japão, o Nikkei

Reação de mercado por temor de recessão nos EUA é exagerada, diz CEO do Bradesco
Marcelo Noronha, CEO do Bradesco (Foto: Rafael Arbex / ESTADAO)

Em coletiva de imprensa com jornalistas na manhã desta segunda-feira (5), o CEO do Bradesco (BBDC4), Marcelo Noronha, classificou a reação do mercado asiático a uma provável recessão econômica nos EUA como algo absolutamente ‘extremado’. A fala é referente a queda de 12,40% do principal índice de ações do Japão, o Nikkei, que encerrou o pregão desta segunda-feira (5) a 31.458,42 pontos, cravando a maior queda diária desde 1987.

“Havia dúvidas [em relação ao] corte de juros nos EUA, porque a atividade estava colossal. A economia americana está bobando. Eu acho a reação de hoje absolutamente extremada. A gente vai ver o mercado caindo em cadeia, mas vejo a reação como algo extremado”, disse Noronha. Em meio ao pregão de hoje, o Nikkei apagou integralmente os ganhos conquistados em 2024 e entrou em território baixista, ao acumular queda de 25% desde a máxima histórica que havia atingido em julho.

No fim da semana passada, o mercado passou a precificar uma possibilidade de recessão nos EUA após dados do mercado de trabalho virem abaixo do esperado. A economia dos Estados Unidos criou 114 mil empregos em julho, em termos líquidos, segundo relatório publicado na última sexta-feira pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado ficou abaixo do piso das expectativas de analistas consultados pelo Broadcast, que variavam de 135 mil a 225 mil vagas, com mediana de 180 mil.

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O relatório, conhecido como payroll, mostrou também que a taxa de desemprego dos EUA aumentou para 4,3% em julho, ante 4,1% em junho. A previsão era de que a taxa permaneceria em 4,1% no mês passado. Na visão de Noronha, a chance de recessão na economia americana é baixa.

Quais são as expectativas do CEO do Bradesco para a recessão econômica nos EUA?

Noronha comenta que o país está com uma atividade econômica colossal. Entretanto, ele comenta que as chances de corte de juros cresceram e que isso pode beneficiar o Brasil. “Não vejo que o corte de juros pelo Fed deve fazer com o que o Brasil corte juros. Na verdade, a redução da taxa de juros dos EUA tende a fazer com que o Brasil não precise subir juros, o que para nós significa que a taxa deve ficar constante e encerrar 2024 no patamar atual de 10,50%”, aponta Noronha.

Segundo dados do CME Group, 98,5% do mercado precifica um corte no fed funds, taxa de juros dos EUA, de 0,50 ponto porcentual, indo de 5,25% a 5,50% para 4,75% a 5%. A um mês atrás apenas 5% do mercado esperava esse corte. Para última reunião do ano, o consenso do dia 5 de julho apontava para o fed funds entre 4,75% e 5%. Hoje o mercado estima a taxa entre 4% e 4,25%.

O CEO da instituição financeira comenta ainda que enxerga uma desaceleração da economia brasileira para o próximo ano devido a esse juros elevado.

“Estimamos um PIB de 2,03% em 2024 e um PIB um pouco menor no ano que vem, mas crescendo, não que a gente vai entrar em recessão. Do nosso lado, se tivermos que fazer qualquer mudança de rumo, podemos fazer, olhamos isso todo dia”, explica no Noronha, após avaliar que a taxa de desemprego está em uma patamar baixo e positivo para o Brasil. Para mais informações sobre a possível recessão econômica nos EUA, clique aqui.