O BTG Pactual (BPAC11) reiterou a recomendação de compra para as ações da Cielo (CIEL3) após intermediar uma reunião entre a empresa e investidores na semana passada. Em relatório, o banco relata que a companhia continua focada na rentabilidade, mas que vê o crescimento do mercado mais fraco que o esperado pelo setor, e que acredita que pode ter de expandir a força comercial neste ano.
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“A Cielo expressou preocupação com o volume transacionado pelo setor (de cartões) em 2023. Os executivos acreditam que o cenário para o crescimento neste ano piorou, levando-os a esperar um crescimento de cerca de 10%, bem abaixo da estimativa de alta entre 14% e 18% esperada pela Abecs”, relata o analista Eduardo Rosman, em referência à associação da indústria de pagamentos.
A reunião, realizada no Rio de Janeiro, segundo o BTG, teve as presenças do CFO da Cielo, Filipe Oliveira, e do head de Relações com Investidores, Daniel Diniz.
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Segundo o relatório, os executivos da Cielo relataram que a atividade no varejo segue fraca, com um volume abaixo do esperado no Dia das Mães, que é a segunda data mais importante para as vendas do setor no País. Isso é confrontado com a perspectiva dada pela Stone de crescimento de até 20% no segundo trimestre – a companhia tem uma participação maior das pequenas e médias empresas nos volumes que captura.
O BTG afirma que a despeito de um volume potencialmente mais fraco à frente e de perdas de fatias de mercado associadas a este fator, a Cielo ainda vê um cenário positivo para os resultados no curto prazo. A companhia enumerou fatores como os aumentos de preço feitos em março, a margem gerada pelo teto na tarifa de intercâmbio dos cartões pré-pagos, a expansão da antecipação de recebíveis e o crescimento contínuo dos lucros da Cateno.
Prioridade
Nos últimos reajustes, o texto afirma que a Cielo encontrou um bom balanço entre preços e volumes. “Em outras palavras, a Cielo está priorizando a rentabilidade e não a participação de mercado, especialmente no setor corporativo”, diz Rosman. Ele adiciona que a direção da companhia vai monitorar os resultados dos reajustes em um período mais longo e o comportamento das rivais para decidir sobre futuros aumentos de preço.
Segundo o texto, a líder em maquininhas no País reconhece que precisa diversificar as fontes de receita para ampliar a fidelidade dos clientes, fórmula que nenhuma empresa do setor encontrou. “Mas, de acordo com os executivos, é impossível perseguir qualquer estratégia sem primeiro atingir a excelência no negócio principal de adquirência.”
A Cielo considera ter vantagens competitivas como a marca, a rede de distribuição e os preços, enquanto precisa melhorar nos patamares de serviço. Outro ponto que a empresa destacou é que é necessário ter uma força comercial ampla para ganhar espaço entre as pequenas e médias empresas, segmento em que a companhia tem centrado esforços.
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No final do ano passado, a companhia contratou cerca de 400 pessoas para o time de vendas, e acredita que os efeitos desse reforço só virão ao longo do tempo. “Como tal, parte da perda de mercado (no primeiro trimestre) não está relacionada aos reajustes de preço, mas à falta de expansão da força de vendas”, diz o BTG.
O banco afirma que a previsão da empresa é que esses esforços levem a melhores resultados no segundo semestre deste ano, e que considera fazer uma nova ampliação das equipes de vendas. “O CFO notou que apesar do recente aumento do time, a Cielo ainda precisa alcançar as rivais dada a recente expansão (das demais empresas).” Esse aumento talvez venha após o segundo trimestre.