O Banco da Inglaterra (BoE) alerta para o risco que a valorização excessiva das ações e a compressão dos prêmios de risco podem representar para o sistema financeiro. (Imagem: Adobe Stock)
O Banco da Inglaterra (BoE) alertou que “o risco de correções acentuadas nos preços dos ativos permanece elevado”, segundo a ata da reunião do Comitê de Política Financeira (FPC) de 2 de outubro, divulgada hoje (8). O documento destaca que a valorização excessiva de ações e a compressão dos prêmios de risco em várias classes de ativos aumentam a vulnerabilidade do sistema financeiro a choques repentinos.
Alerta semelhante foi feito hoje pela diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que avaliou que a resiliência do mundo ainda não foi totalmente testada.
Apesar da “incerteza material persistente” no cenário global, o BoE observa que “as avaliações de ativos de risco aumentaram e os spreads de crédito se estreitaram”. O FPC enfatiza que os preços das ações, especialmente de empresas de tecnologia ligadas à inteligência artificial (IA), “parecem esticados”, com índices de mercado altamente concentrados e, portando, mais suscetíveis a revisões negativas de expectativas sobre o setor.
O FPC cita ainda o aumento dos prêmios de prazo nos títulos soberanos das economias avançadas, impulsionado por “expectativas de maior emissão de dívida“, e alerta que impasses políticos em países como França e Japão “aumentam a vulnerabilidade dos mercados de dívida soberana”.
O BoE ressalta que a independência operacional dos bancos centrais é crucial para a estabilidade financeira e adverte que, em relação aos EUA, qualquer mudança na percepção da credibilidade do Federal Reserve (Fed) “poderia resultar em uma reprecificação acentuada dos ativos em dólares e em maiores volatilidade e prêmios de risco globais”.
Apesar do ambiente global incerto, o FPC reiterou que “o sistema bancário do Reino Unido mantém capacidade para apoiar famílias e empresas mesmo se as condições econômicas e financeiras piorarem substancialmente”, e decidiu manter a reserva de capital contracíclica em 2%.