As ações da Sabesp (SBSP3) acumulam uma valorização de mais de 53% desde janeiro de 2022, quando o governo paulista deu o start para o processo de desestatização da empresa de saneamento básico de São Paulo. A ação pulou de R$ 53,45, no primeiro pregão de 2023, para R$ 81,83, considerando o fechamento de quarta-feira (17), em que o papel subiu 1,76%, entre as maiores do Ibovespa, com o mercado de olho em mais um passo importante nessa trajetória.
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Na quarta-feira (17), a Câmara de vereadores de São Paulo aprovou em primeiro turno, por 36 votos contra 18, o projeto de lei 163/2024 do Executivo que autoriza a adesão da capital paulista à privatização da Sabesp. Esse aval é visto como um passo importante para a desestatização, considerando a alta contribuição da cidade para as contas da empresa.
Entre os cerca de 370 municípios atendidos pela Sabesp, São Paulo representa entre 45% e 50% da receita total da empresa de saneamento.
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Para o analista Rafael Passos, sócio da Ajax Asset, é uma notícia positiva, porém, já esperada. “O que deixa mais confortável é que o cronograma vem sendo cumprido e vem andando”, acrescenta.
Segundo ele, assim, no curto prazo, depois das discussões sobre a metodologia de regulação e definição de regras-chaves que já soltaram, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo deve analisar a proposta e estabelecer um valor mínimo para a privatização. Isso deve andar mais rápido.
“Então, de forma geral, esses desdobramentos são positivos envolvendo Sabesp”, diz, recapitulando que a companhia privatizada traz potenciais ganhos de eficiência e melhora o impacto do Capex nas tarifas ou revisões tarifárias, além de melhorias nas alterações de metodologia na depreciação a ser realizada ao longo dos contratos.
“A Sabesp é negociada nesta quinta-feira (18) 0,8 vezes EV/RAB (base de ativos regulatórios). Se privatizada, poderia atingir entre 1,0 e 1,2 vez EV/RAB”, destaca Passos.
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Com o encaminhamento da privatização, o valor de mercado da empresa subiu para R$ 55,7 bilhões, um ganho de R$ 19 bilhões em relação ao início de 2023, quando a empresa valia R$ 36,5 bilhões. No biênio 2020/2021, as ações da Sabesp tinham registrado um desempenho negativo de 0,42%.
Esse patamar dos R$ 55 bilhões em market cap é, de longe, o maior da história da Sabesp. O recorde aconteceu na terça-feira passada, 9, quando o valor chegou a R$ 58,071 bilhões, em repercussão à autorização da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (ARSESP) para a companhia aplicar o índice de reajuste de 6,4469% sobre as tarifas vigente, um “afago” aos erros que o regulador admite ter cometido em eventos tarifários anteriores, destacou o Citi, na época.
“Assim que a empresa for privatizada, os incentivos que a levaram a oferecer grandes descontos nas receitas a alguns intervenientes econômicos deixarão de existir”, afirma o banco americano, em relatório.