A perspectiva para a indústria em 2023 pelo canal do crédito e das condições financeiras é ruim, pontua o economista do Santander Brasil Lucas Maynard. “É um crédito caro para a produção e para o consumo de bens duráveis. Tanto pela oferta quanto pela demanda, a perspectiva é desafiadora”, diz.
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Maynard pondera que a expectativa de continuidade na ampliação da massa salarial, do ponto de vista da demanda, porém, deve ser um ponto de resiliência para o setor. No confronto com os vetores mais negativos, contudo, esse impulso deve ajudar mais a evitar uma queda maior da indústria.
Em novembro, a produção industrial recuou 0,1% na margem – resultado virtualmente acima da mediana do mercado, que previa contração de 0,2%, segundo o levantamento Projeções Broadcast.
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Na abertura da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), Maynard destaca que a indústria de transformação segue fragilizada. “Apresentou virtual estabilidade de 0,1% na margem, depois de ficar praticamente parada em outubro e de ter uma queda mais forte em setembro, de 1,3%. Não cair depois de ter caído bastante não é nada animador.”
O economista atribui o enfraquecimento do segmento à piora das condições financeiras, com juros mais altos e crédito mais caro. Maynard analisa que no primeiro semestre houve uma demanda muito forte, com o crescimento da massa salarial ampliada, a partir de recomposição de salários e transferências, o movimento, porém, não manteve o mesmo ritmo no segundo semestre. “A indústria não foi muito boa no terceiro trimestre e de acordo com esses dois primeiros meses do quarto trimestre não deve ser tão boa novamente”, avalia.
De acordo com Maynard, antes da publicação da PIM, o tracker do Santander Brasil para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre apontava para queda de 0,1%, considerando uma queda de 0,2% para essa divulgação da indústria. “Ainda não foi atualizado, mas não deve mudar muito. Esse resultado foi mais uma evidência de um PIB mais para o negativo no quarto trimestre.”