A escassez estrutural na cadeia de suprimento de frango nos Estados Unidos deve continuar até, pelo menos, o fim de 2025, o que sustenta um ambiente de preços favorável e reforça a tese de investimento na JBS (JBSS3), segundo relatório do Santander (SANB11). O banco reiterou a recomendação “outperform” (equivalente à compra) para a companhia, enquanto manteve a avaliação neutra para a Pilgrim’s Pride (PPC), subsidiária da JBS nos EUA.
“O atual cenário nos leva a manter nossa recomendação positiva para a JBS, amparada pela força estrutural do mercado americano de frango e pelo potencial de valorização com a listagem da empresa nos EUA”, escreveram os analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata.
De acordo com o relatório, não há expectativa de crescimento significativo da produção até janeiro de 2026. “Nossa leitura atualizada da cadeia de suprimento de frango nos EUA sugere que não haverá crescimento relevante até, no mínimo, dezembro de 2025, devido à contração no plantel de matrizes, taxas elevadas de mortalidade e limitações biológicas na taxa de eclosão”, afirmaram.
Dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) apontam que o plantel de matrizes poedeiras recuou 3% em abril, na comparação anual. Apesar de um leve aumento de 0,8% nas aves jovens, esse avanço foi superado por uma taxa recorde de desaparecimento de 22%, um indicador de mortalidade. “O aumento acentuado na mortalidade está provavelmente ligado à redução no uso de antibióticos, em linha com padrões mais rigorosos de bem-estar animal, além de mudanças genéticas que afetam a resiliência dos plantéis”, diz o documento.
Mesmo com a elevação de 1% nos volumes de ovos incubados – um esforço da indústria para extrair o máximo da oferta existente – o Santander acredita que as restrições estruturais limitam a expansão. “A postura geral da indústria sugere uma estratégia de maximização da oferta, embora as restrições estruturais continuem limitando o crescimento.”
Além da oferta contida, os estoques frios de carne de frango nos EUA seguem historicamente baixos, o que ajuda a manter o equilíbrio entre oferta e demanda. “Os estoques subiram 2% em abril de 2025, mas isso veio após um recuo acentuado de 10% no mesmo mês de 2024”, observam os analistas. Segundo eles, dados escaneados no varejo e de tráfego em food services continuam a indicar demanda doméstica aquecida. “Essa força da demanda, combinada à oferta estável, segue sustentando um ambiente positivo de preços e margens.”
Apesar do bom desempenho da PPC no mercado americano, o Santander manteve a recomendação neutra para a empresa, devido a efeitos cambiais adversos sobre suas operações internacionais.