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Santander vê riscos para dividendos extraordinários da Petrobras

Banco considera que gastos com arrendamentos podem prejudicar o pagamento de proventos pela estatal

Santander vê riscos para dividendos extraordinários da Petrobras
A Petrobras (PETR4) Foto: Adobe Stock

O Santander reiterou a sua recomendação neutra para as ações ordinárias da Petrobras (PETR3). Em relatório divulgado nesta terça-feira (16), o banco estabeleceu um preço-alvo para 2025 de R$ 43 para os papéis, o que representa um potencial de valorização de 3,71% sobre o último fechamento.

Uma das preocupações da casa está relacionada à distribuição de dividendos extraordinários da Petrobras.

A análise é de que a empresa atravessa o período mais desafiador do seu plano estratégico 2024-2028, o que, juntamente com outros eventuais gastos, deverá aproximar a posição de caixa do seu nível de referência e deixar pouco espaço para o repasse de proventos extraordinários em 2025, além dos US$ 4,5 bilhões já previstos para serem pagos no segundo semestre de 2024 e no primeiro trimestre do próximo ano.

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O Santander entende que o momento desafiador se dá por causa da introdução de muitos FPSOs (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência) arrendados até o quarto trimestre de 2025. Esses equipamentos são navios-plataformas essenciais para a extração de petróleo no pré-sal.

A estimativa do banco é de que a Petrobras (PETR3) atinja aproximadamente US$ 41 bilhões em arrendamentos até o final de 2025. Dessa forma, para não ultrapassar o limite máximo da dívida bruta de US$ 65 bilhões, a empresa deve buscar uma dívida financeira inferior a US$ 24 bilhões. Caso contrário, pode haver impactos na política de dividendos baseada no fluxo de caixa livre (FCF).

Para o Santander, outros fatores que podem prejudicar a geração de FCF da petroleira são potenciais fusões e aquisições. “Embora acreditemos ser improvável que os investimentos da Petrobras (PETR3) aumentem significativamente nos próximos trimestres, dadas as restrições na indústria de serviços petrolíferos, notamos que as fusões e aquisições podem ser o principal fator para potencialmente limitar a geração de FCF no curto prazo”, destacam os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, que assinam o relatório.

Na opinião dos especialistas, uma potencial recuperação na atividade de fusões e aquisições poderia reduzir os dividendos trimestrais mínimos da Petrobras (PETR3) de acordo com a fórmula do FCF. Eles ponderam, no entanto, que as melhorias da empresa nos procedimentos de governança nos últimos anos reduziram o risco de aprovação de investimentos de baixo retorno.

No relatório, os analistas ressaltaram outros pontos que justificam a sua visão cautelosa em relação à estatal. Embora a produção da empresa seja rentável, os especialistas acreditam que os números apresentados pela petroleira ficam atrás dos registrados por seus pares em termos de crescimento e substituição de reservas. Segundo os profissionais, as ações da empresa também poderão oferecer um potencial de valorização limitado a curto prazo.

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Ainda no documento, os analistas do Santander destacaram que a cautela em relação à Petrobras (PETR3) não está relacionada às recentes mudanças de gestão. O risco para os dividendos extraordinários está associado aos gastos com arrendamentos nos próximos trimestres.