O presidente Donald Trump surpreendeu o mercado ao postergar as tarifas de 50% aos produtos brasileiros. (Foto: Adobe Stock)
Após a decisão de ontem do governo de Donald Trump de manter uma taxação de 40% sobre exportações brasileiras para os EUA, além dos 10% anunciados em abril, e de anunciar uma lista de exceção, o UBS BB acredita que, no caso da Embraer (EMBR3), as tarifas impactam o backlog de jatos executivos até que os pedidos atuais esgotem – o que deve ocorrer em meados de 2028. Para o banco, a empresa poderia aumentar os preços em novos pedidos para mitigar o impacto das tarifas, assumindo que as companhias aéreas dos EUA incorporarão o aumento neste segmento.
Além disso, as principais suposições são de que modelos de jatos Phenoms, serão 60% montados nos EUA e os Praetors, 40%, e a Embraer verá um impacto da tarifa nas importações intercompanhias do Brasil para os EUA. Assim, o efeito no Ebitdada Embraer seria de US$ 54 milhões de janeiro a setembro de 2025 e US$ 180 milhões em 2026 até primeiro semestre de 2028, além de um impacto potencial no lucro líquido de US$ 43 milhões para 2025 e US$ 140 milhões em 2026 até primeiro semestre de 2028.
“Caso a tarifa de 10% permaneça até a perpetuidade sem ser mitigada, estimamos um impacto potencial de US$ 1,1 bilhão“, dizem os analistas Alberto Valerio, Andressa Varotto e Rafael Simonetti.
WEG (WEGE3): flexibilidade de produção global
Com relação à Weg, levando em conta que a exposição da empresa às exportações para os EUA produzidas no Brasil é de cerca de 8%, o UBS BB calcula que a tarifa de 50% tem um impacto de margem de cerca de 2,5% (ou 11% do Ebitda estimado para 2026). Considerando apenas a tarifa incremental de 40% anunciada ontem, o impacto é de 2% da margem (9% do Ebitda).
No entanto, o banco destaca que a empresa tem flexibilidade de produção global (especialmente nos EUA e no México, que está isento de tarifas) e a restrição de capacidade de Transmissão e Distribuição (T&D) torna mais provável a absorção das tarifas por meio de aumentos de preços. A Weg também afirmou que poderia usar sua planta na Índia para mitigar o impacto das tarifas, mas aquele país tem tarifas de 25%, o que poderia impactar os planos da companhia.
Tupy (TPIS3): empresa diz que contratos estão protegidos contra tarifas
A expectativa do UBS BB para a Tupy, que tem exposição às exportações para os EUA de 13% a 15%, é de que a maioria dos produtos esteja sujeita à tarifa do setor automotivo de 25% (em vigor). A empresa também tem flexibilidade de produção com sua planta no México e, até o momento, os produtos brasileiros são tarifados apenas se forem usinados. Além disso, a empresa afirma que os contratos estão protegidos contra tarifas.
“Também destacamos o impacto indireto da potencial menor demanda por caminhões e máquinas no Brasil, já que importantes cadeias de exportação podem ser interrompidas devido a 60% das exportações aos EUA do Brasil estarem sujeitas a tarifas totais de importação de 50%”, escrevem os analistas.
Randon RAPT4: 4% da produção no Brasil vai para os EUA
Sobre a Randon, que vende cerca de 4% de sua produção no Brasil para os EUA, a previsão também é de que a maioria dos produtos esteja sujeita à tarifa do setor automotivo de 25%. O UBS BB ressalta que a maioria das exportações pra os EUA é da Frasle Mobility, que pode ter alguma flexibilidade de produção com plantas nos EUA e no México. Espera-se ainda o impacto indireto da potencial fraqueza no mercado doméstico de reboques e caminhões.
Iochpe-Maxion (MYPK3): 0,3% de exposição aos EUA
Da mesma forma, o UBS BB acredita que a maioria dos produtos da Iochpe-Maxion, cuja exposição aos EUA é de cerca de 0,3%, esteja sujeita à tarifa do setor automotivo, mas a empresa tem muita flexibilidade de produção, apesar de que os impactos indiretos potenciais da fraqueza no mercado doméstico seriam mais relevantes para ela.