A Tenda, uma das principais construtoras do Minha Casa Minha Vida (MCMV) no País, fechou o primeiro trimestre de 2023 com um prejuízo líquido consolidado de R$ 41,9 milhões, perda que foi 37,8% menor do que no mesmo período de 2022, quando teve prejuízo de R$ 67,3 milhões. A operação da marca Tenda – focada em construções tradicionais no canteiro, em concreto – respondeu por um prejuízo de R$ 21,1 milhões.
Por sua vez, a Alea – construção industrializada, com elementos em madeira – gerou prejuízo de R$ 20,9 milhões. O grupo teve desvios de custos de R$ 29 milhões nos primeiros três meses deste ano, decorrente de projetos antigos que atravessaram um período de disparada nos custos de materiais. Ao longo de 2022, esses estouros de orçamento totalizaram R$ 181 milhões. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado e consolidado aumentou 10,5 vezes na mesma base de comparação anual, chegando a R$ 49,6 milhões.
A margem Ebitda cresceu 6,8 pontos porcentuais, para 7,6%. A receita líquida consolidada cresceu 12,0%, para R$ 651,4 milhões. A margem bruta consolidada e ajustada aumentou 2,1 pontos porcentuais, indo a 22,7%. A companhia teve queima de caixa operacional consolidada de R$ 38,4 milhões. As despesas com vendas baixaram 25,7%, para R$ 47,7 milhões, enquanto as despesas gerais e administrativas foram cortadas em 22,2%, para R$ 37,4 milhões.
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A Tenda fechou, ao longo do ano passado, aproximadamente 60% das suas lojas, reduzindo fortemente o time de vendas e o pessoal relacionado. O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma despesa de R$ 53,7 milhões, alta de 43,2%. O aumento foi decorrente do maior custo da dívida ocasionado pela elevação da Selic e dos custos com a cessão de recebíveis. A Tenda encerrou o primeiro trimestre com R$ 603,6 milhões em caixa, 24,9% a menos na mesma base de comparação anual, e um total de R$ 1,467 bilhão de contas a receber pelas vendas de imóveis, patamar estável.
A dívida líquida ficou em R$ 754,8 milhões, subida de 29,7%, enquanto a alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) bateu em 111,5%, crescimento de 61,2 pontos porcentuais – reflexo da deterioração do patrimônio devido aos estouros de orçamentos. Já a alavancagem que serve de referência para os covenants (medida pela relação entre dívida líquida corporativa e o patrimônio líquido) foi a 66,7%, abaixo da régua de 85% para o período.
Custos
A administração da Tenda ressaltou que, apesar de ainda reportar um prejuízo no trimestre, houve um salto importante na margem. Essa melhora reflete o fato de a companhia estar em fase avançada de entrega de empreendimentos lançados durante o período da pandemia, cujas margens foram espremidas pela disparada nos custos de construção. À medida em que esses projetos antigos ficam para trás e as receitas dos projetos novos são apuradas, há uma melhora dos resultados.
Os lançamentos mais recentes contaram com uma provisão mais assertiva para a inflação, o que agora se mostra suficiente para fazer frente às oscilações de custo inerentes ao nosso negócio, explicou a administração. A Tenda também seguiu com a estratégia de subir o preço dos imóveis a fim de repassar o aumento de custo sentido durante a pandemia e recompor as margens. Com isso, o preço médios dos apartamentos chegou a R$ 196,8 mil em março, ante R$ 189 mil em dezembro de 2022 e R$ 158 mil no fim de 2021. “Mesmo imputando um aumento de preço relevante, mas necessário, conseguimos manter a velocidade de vendas (medida pelo VSO) de 25% no primeiro trimestre, o que demonstra a alta demanda por nossos produtos”, afirmou.
A margem bruta das novas vendas da Tenda foi a 31,1%, crescimento de 7,9 pontos porcentuais na mesma base de comparação anual. A receita dos projetos antigos deve responder por 37% da receita total de 2023 e apenas 2% de 2024. Isso permitirá que os empreendimentos das safras mais novas (e com margens melhores), ganhem mais representatividade nos balanços da companhia daqui em diante. A Tenda reiterou a sua meta oficial (guidance) de margem bruta ajustada na faixa de 225 a 24% em 2023, com vendas líquidas de R$ 2,7 bilhões a R$ 3,0 bilhões.
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