As taxas do Tesouro Direto voltaram a pagar mais nesta sexta-feira (2). Foto: AdobeStock
As taxas do Tesouro Direto voltaram a pagar mais nesta sexta-feira (2) imprensada entre o feriado do 1ª de maio e o final de semana. Os prefixados com vencimento em 2028 começaram o dia pagando 13,48% contra os 13,47% da quarta-feira (30). Na atualização da tarde, às 13h02, esse títulos subiram para 13,52% e para 13,53% às 15h26. Já os títulos de longo prazo, com vencimento em 2050, que ainda pagam acima de 14% ao ano, começaram o dia a 14,01%, passando para 14,05% no início da tarde, recuando para 14,02% Às 15h26.
A sexta-feira foi marcada pelos dados de emprego dos EUA (Payroll), com a economia americana adicionando 177 mil empregos, acima do esperado pelo mercado. A taxa de desemprego se manteve estável em 4,2%, com os salários avançando 0,2% no mês, num acumulado de 3,8% em 12 meses. O mercado também trabalha com a expectativa da próxima reunião do Copom, na semana que vem.
André Valério, economista sênior do Inter, acredita em correções para baixo nas próximas leituras. Na sua avaliação, a incerteza tarifária ainda é alta o suficiente para manter o Fed (o banco central dos EUA) em estado de paralisia. “Em outro contexto os dados poderiam permitir a retomada do corte de juros”, diz. Para ele o Fed só cortaria as taxas em caso de recessão, com enfraquecimento forte do mercado de trabalho dos EUA ou se houvesse uma solução para a incerteza tarifária, cenário menos provável.
Política monetária no curto prazo
Além da política tarifária de Donald Trump nos EUA, o mercado está de olho nos riscos relacionados à sustentabilidade da dívida pública brasileira, o que aumenta os juros de papeis de menor prazo, mais sensíveis à política monetária do Banco Central. Para a próxima reunião do Copom, o mercado espera um aumento da Selic entre 0,25% e 0,50%. A expectativa é de que o ciclo de alta da Selic termine em 15%, na reunião da semana que vem ou na que será realizada em junho.
Apesar disso, há quem acredite em 15,75% já nesta quarta-feira. “Acreditamos que o Comitê manterá uma postura firme e cautelosa, adotando um tom duro ao ressaltar as incertezas no cenário internacional e, principalmente, as preocupações com as medidas de inflação subjacente, que permanecem acima do limite superior da meta, somadas à desancoragem das expectativas inflacionárias”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. Ele se refere à inflação sem o efeito de alimentos e combustíveis (subjacente) e na desconfiança cada vez maior na capacidade do governo de levar a inflação para dentro da meta (desancoragem). “Em nosso cenário base, projetamos um aumento de 0,75 p.p. na reunião desta quarta”, diz Sung
Os juros prefixados dos títulos do Tesouro IPCA + 2029 também se tiveram uma leve correção para cima durante essa sexta, abrindo em 7,39%, passando para 7,40% na atualização das 13h e marcando 7,42% às 15h26. Os títulos mais longos, com vencimento em 2040, também registraram aumento de 7,27%, no início do mercado, para 7,29% às 13h e recuando para 7,14% às 15h.
Quando os títulos passam a pagar mais, é sinal de que os agentes do mercado estão vendendo mais do que comprando determinado título. Com isso, seu valor unitário cai. Por isso, quem está comprado no papel perde rentabilidade, apesar de o retorno ser melhor para quem está comprando no momento. A lógica é a inversa quando os juros caem. Ou seja tem mais gente comprando, num movimento benéfico para quem tinha investido antes.
Veja a rentabilidade dos títulos do Tesouro às 15h26 desta sexta (2):