Os juros dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) operaram em alta hoje, em uma sessão com indicativos de juros elevados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) por mais tempo. O dia contou com divulgação de alta nas expectativas de inflação dos Estados Unidos, e com comentários da diretora do Fed Michelle Bowman sobre a possibilidade de que as taxas não sejam cortadas ao longo de 2024.
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Por volta das 17h (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos avançava a 4,866%, da T-note de 10 anos subia a 4,499% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,642%.
Um destaque do dia foi a divulgação dos dados da Universidade de Michigan. A instituição informou alta nas expectativas de inflação – o que joga a favor da manutenção de juros pelo Fed por mais tempo -, mas queda no sentimento do consumidor. O risco de o Fed manter juros em setembro voltou a crescer, ainda que a chance de relaxamento monetário aquela altura siga majoritária, segundo do CME Group de monitoramento da curva futura. Após o dado, havia 37,8% de possibilidade de a taxa básica permanecer na faixa entre 5,25% e 5,50% em setembro, comparado com 31,3% ontem. O cenário de afrouxamento ainda aparece com mais força, mas recuou de 68,7% para 62,2% na mesma base comparativa.
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Já Bowman afirmou que não espera ser apropriado que o Fed reduza as taxas de juros em 2024, apontando para uma inflação persistente nos primeiros meses do ano. Bowman fez os comentários em entrevista à Bloomberg News, após discurso a banqueiros no Texas, no qual defendeu que o banco central siga “cauteloso” enquanto tenta reduzir a inflação à meta de 2%.
Os presidentes das distritais de Minneapolis, Neel Kashkari, e de Chicago, Austan Goolsbee, do Fed, reafirmaram em entrevista nesta tarde à CNBC a postura de ambos de cautela para acompanhar os próximos desdobramentos da economia, antes de defender mudanças na política monetária.
Para a Hedgepoint, o crescimento dos preços persiste em 2024, frustrando as expectativas mais otimistas do mercado que, no final de 2023, previam um possível corte na taxa de juros no primeiro semestre deste ano. A criação de postos de trabalho não-agrícola ficou abaixo das estimativas do mercado no último mês, afastando, momentaneamente, especulações sobre a necessidade do Fed elevar as taxas de juros para conter a inflação, pontua. “No atual cenário, esperamos que o tão aguardado corte de juros nos EUA ocorra a partir de setembro, terminando o ano com a redução de dois cortes de 25 pontos base”, conclui.