Os juros dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) avançaram fortemente nesta segunda-feira (5), após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, reforçar a expectativa por cortes de juros depois do primeiro trimestre e sinalizar um ritmo de relaxamento mais cauteloso do que o mercado espera. Dados de serviços fortes corroboraram a postura de paciência indicada pelo banqueiro central.
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No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,457%, tendo atingido maior nível desde meados de dezembro na máxima do dia. Já rendimento da T-note de 10 anos avançava a 4,161% e o do T-bond de 30 anos aumentava a 4,342%.
Em entrevista veiculada ontem, Powell repetiu ao 60 minutos, da rede CBS, o que já havia indicado na última quarta-feira (31), na coletiva de imprensa após o encontro que deixou a taxa básica inalterada entre 5,25% e 5,50%. Powell reiterou que é improvável que, em março, a autoridade monetária tenha confiança suficiente para baixar a guarda no combate à inflação.
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Em reação, a curva futura ampliou a precificação pela manutenção dos juros no mês que vem, conforme apontou a plataforma de monitoramento do CME Group. Os investidores ainda veem como mais provável o cenário de cinco cortes até o final do ano, considerando um ritmo de 25 pontos-base de ajuste a cada reunião – ainda mais otimistas do que os dirigentes do Fed, que esperam três diminuições.
Diante dessas reavaliações, o prêmio cobrado dos títulos da renda fixa americana retomou a escalada, em um movimento que se intensificou no fim da manhã, quando duas leituras duas leituras de índices de gerentes de compras (PMI) apontaram resiliência do setor de serviços nos EUA. Na pesquisa do Instituto para Gestão da Oferta (ISM), em particular, o componente de preços pagos registrou o maior aumento mensal desde agosto de 2012.
Para o Wells Fargo, o indicador impõe dúvidas sobre a narrativa de que o combate à inflação está vencido. “O maior salto nos preços pagos em mais de uma década dificilmente é consistente com o retorno da inflação à meta de 2,0% do Fed ao longo do tempo”, alerta o banco americano.
A Capital Economics ressalta que os Treasuries têm recebido influência limitada das oscilações do petróleo e espera que essa tendência continue à frente. A consultoria prevê que o retorno da T-note de 10 anos caiará a 3,75% até o final deste ano, mais por conta do Fed do que da commodities.
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Entre outros dirigentes do Fed, os presidente das distritais de Minneapolis, Neel Kashkari, e de Chicago, Austan Goolsbee, comentaram hoje sobre os progressos no combate à inflação.