O juro da ponta longa dos títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) continuou o movimento de queda nesta sexta-feira (8), devolvendo parte do avanço visto após a eleição americana. Enquanto isso, o rendimento da ponta curta avançava, também na esteira da ausência do forward guidance do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), e enquanto traders tomam posições para a divulgação da inflação ao consumidor e produtor dos EUA em outubro (CPI e PPI).
Perto do fechamento de Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,255%; o da T-note de 10 anos caía a 4,302%; e o do T-bond de 30 anos caía a 4,467%. Na semana, o juro da T-note de 2 anos avançou, mas o da T-note de 10 e do T-bond de 30 anos recuaram.
O clima no mercado de Treasuries foi de cautela desde o início do pregão, com investidores aguardando novas notícias sobre o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, com expectativas sobre quem será o novo secretário do Tesouro nacional. De acordo com a Fitch Ratings, os juros dos Treasuries tendem a permanecer em nível mais elevado após novas tarifas do governo Trump, o que provavelmente implicará em rebaixamento de ratings de países emergentes mundo afora.
Somado ao fator eleitoral, o movimento de recuo foi intensificado na ponta longa, após a Universidade de Michigan informar que as expectativas de inflação dos EUA para 1 ano caíram a 2,6% na leitura preliminar de novembro. A Oxford Economics avalia que a publicação registrou as expectativas de inflação para o ano que vem no menor nível desde dezembro de 2020, e “isto sugere que o Fed será capaz de manter seu foco diretamente no mercado de trabalho ao determinar o caminho dos cortes nas taxas”.
Agora, para a semana que vem, as atenções se voltam principalmente para o CPI dos EUA em outubro, que será divulgado na quarta-feira. Parte do movimento de hoje já foi em antecipação ao indicador, visto que os investidores não terão o pregão de segunda-feira para se posicionar, devido ao feriado do Dia dos Veteranos, que mantém o mercado de Treasuries fechado.
Segundo o economista-chefe do Santander para os EUA, Stephen Stanley, o CPI dos EUA pode registrar um segundo avanço consecutivo de 0,3% ao mês, e isto “desafiaria ainda mais a perspectiva de inflação relativamente otimista que o presidente do Fed, Jerome Powell, ofereceu recentemente”. Este cenário pode ser positivo para os juros dos Treasuries, avalia.