Os rendimentos dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) caíam no final da tarde desta quinta-feira (4), após uma jornada de altos em baixos em meio a avaliações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e dados econômicos. O mercado aumentou a postura defensiva ao longo das últimas horas, em meio à escalada de tensões entre Israel e Irã.
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Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o retorno da T-note de 2 anos recuava a 4,633%, da T-note de 10 anos cedia a 4,302% e o do T-bond de 30 anos diminuía a 4,465%.
A instabilidade deu o tom de uma sessão que ficou marcada por sinais divergentes para a trajetória da política monetária americana. Pela manhã, o Departamento do Trabalho informou um avanço nos pedidos de auxílio-desemprego na semana passada, o que poderia indicar arrefecimento do mercado do trabalho e conter pressões inflacionárias.
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À tarde, no entanto, dirigentes do Fed trataram de avisar que a situação ainda inspira cautela. o presidente da distrital de Chicago, Austan Goolsbee, chamou atenção para “sobressaltos” na trajetória de redução da inflação. O líder da regional de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que os dados recentes de preços foram preocupantes. Já Loretta Mester, de Cleveland, afirmou que a desinflação será mais lenta este ano.
As declarações puxaram as taxas dos títulos dos EUA para cima e deterioraram o clima de risco em Wall Street, mas o movimento na renda fixa acabou não se firmando. Mesmo com a postura paciente dos integrantes dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), a curva futura ainda aponta chance majoritária de o ciclo de relaxamento começar em junho e acumular corte de 75 pontos-base até o final do ano, conforme indica plataforma de monitoramento do CME Group.
Há ainda a adoção de um viés de cautela, em meio a crescentes tensões entre Irã e Israel. Embaixadas israelenses ao redor do mundo foram colocadas sob alerta para possível ataque, dias após uma ofensiva a um consulado iraniano na Síria.
Amanhã, o relatório de emprego dos EUA, o payroll, pode dar mais direcionamento para essas apostas. A mediana de estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast aponta uma criação de 200 mil vagas em março, um ritmo ainda bem robusto para padrões históricos.
Para o BMO Capital Markets, essa divulgação deve inspirar atenção maior no mercado do que edições anteriores do payroll. “Isso reflete os comentários recentes da Fed, sugerindo que a sua abordagem ao mandato duplo é cada vez mais equilibrada e, portanto, a leitura de empregos ganhou maior relevância”, explica.
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