Os juros dos títulos dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) cederam nesta terça-feira (20) em toda a extensão da curva, diante da crescente expectativa de que a ata do último encontro do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e o Simpósio de Jackson Hole deixarão a porta aberta para cortes de juros a partir de setembro. Nesta tarde, a diretora do Fed Michelle Bowman disse esperar relaxamento monetário à medida que a inflação continua arrefecendo, embora ainda veja riscos ascendentes aos preços.
Às 17h (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos cedia de 4,069% para 3,996%. O rendimento da T-note de 10 anos retrocedia de 3,867% para 3,813%. O rendimento projetado no T-bond de 30 anos também mostrava baixa, passando de 4,117% para 4,064%.
Os ajustes da curva dos Treasuries precedem a participação do presidente do Fed, Jerome Powell, no simpósio Jackson Hole, na sexta-feira. O dirigente pode dar alguma pista sobre o tamanho do primeiro corte dos juros americanos, que muito provavelmente ocorrerá na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) de setembro.
Enquanto o mercado aguarda os catalisadores da semana, hoje a ferramenta do CME Group voltou a precificar corte de juros mais agressivo pelo Fed no agregado do ano, prevendo redução de 100 pontos-base em 2024. A chance de cortes de 1 ponto porcentual é de 44,5%; contra probabilidade de 33,2% para redução de 75 pontos-base. Diante deste cenário, o juro da T-note de 2 anos chegou a ficar abaixo dos 4% na mínima intraday, mas reduziu parte das perdas logo depois.
O Julius Baer acredita que dado o título do simpósio – ‘Reavaliando a Eficácia e a Transmissão da Política Monetária’ – deve haver uma discussão sobre as ferramentas apropriadas para conduzir a política monetária, incluindo um debate sobre taxa de juros apropriada para atingir o nível ou intervalo garantido de inflação.
“Ao mesmo tempo, não esperamos muito em termos do que é mais interessante para os mercados financeiros, ou seja, o caminho das taxas de juros nos próximos meses”, pontuaram analistas do banco. Com a inflação próxima da meta de 2% e o mercado de trabalho esfriando, uma flexibilização gradual da política monetária está claramente na agenda, escreveram analistas do banco. A instituição acredita que a extensão e a velocidade do relaxamento dependerão dos dados econômicos e não da questão fundamental da política monetária discutida no simpósio.