

As ações da Vale (VALE3) aceleraram o ritmo de queda nesta terça-feira (8) com a notícia de que os Estados Unidos devem aplicar uma taxa adicional à China. Às 14h19, os papéis da mineradora tombam 4,76% a R$ 49,57, pressionando o desempenho do Ibovespa, que cede 0,83% aos 124.545,93 pontos no mesmo horário, depois de ter começado o dia no campo positivo.
A área de comunicação da Casa Branca afirmou à Fox que as tarifas adicionais de 50% sobre a China, totalizando 104% em sobretaxas sobre o país asiático, entraram em vigor ao meio-dia (hora padrão do leste) porque o governo chinês não retirou suas medidas de retaliação. A cobrança da tarifa adicional de 104% começará na quarta-feira (9).
Em publicação na rede Truth Social na segunda-feira (7), Trump afirmou que iria aplicar uma taxa adicional às importações chinesas, caso o país asiático não retirasse até a tarde desta terça-feira (08) as tarifas retaliatórias sobre produtos americanos. O republicano também ressaltou que, caso a China não voltasse atrás, todas as negociações solicitadas pelo país aos EUA seriam encerradas.
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Com a confirmação de taxas de 104% à China, o mau humor voltou aos mercados, com os índices de Wall Street reduzindo o ritmo de ganhos. No Brasil, o Ibovespa passou a cair e renovou mínima aos 124.210,50 pontos, com recuo de 1,10%, enquanto o dólar tocou o patamar de R$ 6, na máxima diária a R$ 6,0028.
Vale vai sair ilesa das tarifas?
Apesar do clima de caos os mercados, o Itaú BBA reiterou recomendação outperform (equivalente à compra) para a Vale com preço-alvo de R$ 13 para os Americans Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da companhia, o que representa um potencial de valorização de 47,2% ante o fechamento de segunda (7).
Em relatório, os analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares destacam que as ações da Vale estão sendo negociadas com um múltiplo atrativo EV/Ebitda (lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos) de 3,4 vezes previsto para 2025, o que representa um rendimento de fluxo de caixa livre (FCF) – excluindo desembolsos para Mariana e Brumadinho – de 13% para 2025 e um rendimento de dividendos da Vale de 12%.
“Para cada redução de US$ 5/tonelada em nossa previsão de preço médio de minério de ferro, o rendimento do FCF da Vale cai cerca de 2,5 pontos porcentuais. Isso implica que em um cenário onde os preços médios do minério de ferro sejam de US$ 90/tonelada em 2025 (o que sugere preços de minério de ferro em US$ 85/tonelada até o final do ano), a empresa geraria um rendimento FCF de 8%, que se compara bem com seus pares brasileiros”, destacam.
A equipe ainda pontua que os preços do minério de ferro performaram melhor que outras commodities desde o anúncio das novas políticas tarifárias dos EUA.
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“Dado que os EUA não são um player-chave na indústria de minério de ferro, os impactos diretos no equilíbrio do mercado são baixos. No entanto, os potenciais efeitos colaterais de uma guerra comercial mais pronunciada – com impactos negativos no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global e uma potencial redução na produção de aço chinesa – podem exigir um nível maior de cautela dos investidores no setor”, ressaltam.
Embora o Itaú BBA acredite que o mercado esteja antecipando uma deterioração adicional nos preços do minério, o desempenho inferior da Vale em relação aos preços da commodity melhorou a atual proposta de risco/recompensa para as ações. “A Vale (VALE3) continua sendo nossa principal escolha, com valuation atraente mesmo em cenários de estresse”, afirmam.