As ações da Vale (VALE3) estão entre os papéis de maior peso na carteira teórica do Ibovespa (Foto: Adobe Stock)
O Itaú BBA ajustou seu modelo para aVale (VALE3) após o balanço do segundo trimestre, e manteve recomendação outperform (equivalente a compra) com preço-alvo para o fim de 2026 em US$ 13 para as American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas), o mesmo valor que já projetava para 2025, o que representa um potencial de valorização de 31,2%.
O banco vê um fluxo de caixa descontado, com o papel negociando a 3,8 vezes o valor da empresa sobre Ebitda (lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos) estimado para 2026, gerando yield (rendimento) de caixa livre perto de 8% ao ano no triênio 2026-28, montante que deve ser integralmente devolvido aos acionistas via dividendos ou recompras.
Na parte macro, o BBA avalia que o mercado global de minério de ferro permanecerá equilibrado. A demanda da China e do Sudeste Asiático segue “decente”, enquanto a entrada de novos projetos, como Simandou, tende a ser parcialmente neutralizada pelo declínio de volumes em minas maduras, apontam os analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares.
Com isso, a casa elevou a curva de preços do minério para uma média de US$ 99 por tonelada em 2025, antes em US$ 95, e de US$ 95 por tonelada em 2026, antes em US$ 90, estimando cotações entre US$ 95 e US$ 100 no segundo semestre deste ano.
Mesmo com o minério mais caro, o BBA reduziu em 3% a projeção de Ebitda para 2025, a US$ 14,1 bilhões, e em 2% a de 2026, a US$ 15,5 bilhões. O corte reflete dinâmica mais fraca para produtos de alta qualidade, com prêmios e volumes de pelotas decepcionando, levando a Vale a ajustar o guidance de produção. A estimativa do banco para o dólar está em R$ 5,86 e também pesa sobre custos, denominados na moeda americana.
Do lado financeiro, o banco calcula que a mineradora encerrará 2025 com dívida líquida expandida de US$ 16 bilhões, ligeiramente acima do centro da meta corporativa na faixa entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões. Mesmo assim, se o minério se mantiver em torno de US$ 100, a geração de caixa daria conforto para distribuir recursos adicionais; o BBA aposta que a administração priorizará recompra de ações nos preços atuais.
O Itaú BBA vê a Vale (VALE3) com valuation (valor do ativo) descontado, fluxo de caixa sólido e espaço para remuneração extra ao acionista, mas reconhece que menor prêmio de qualidade e cortes no guidance de pelotas limitam parte do impulso nos resultados de curto prazo.