Vale (VALE3) e BHP poderão ter de fazer provisões de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões para ambas, o que aproximaria a dívida líquida expandida da brasileira da faixa superior da projeção de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões, com possibilidade de impacto nos dividendos aos acionistas.
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A conclusão faz parte de relatório do Bank of America (BofA) que comenta a sentença da Justiça Federal mineira, que determinou, na semana passada, depósito de R$ 10,3 bilhões pelas mineradoras.
“Foi um novo passo nas negociações em andamento da compensação pela tragédia de Mariana, que pode levar a provisões adicionais para a Vale e a BHP”, diz o BofA, que tem recomendação neutra para Vale, com preço-alvo de R$ 100.
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O relatório lembra também que no ano passado a Vale, BHP e a Samarco começaram uma negociação com autoridades brasileiras acerca do rompimento da barragem da Samarco. As autoridades brasileiras avaliam que os gastos até agora foram provisões insuficientes.
Citando matérias na mídia, o banco afirma que as partes chegaram a uma cifra de R$ 112 bilhões no ano passado, bem mais que os R$ 28 bilhões já gastos pela Fundação Renova e os valores provisionados pelas companhias: US$ 3,1 bilhões pela Vale e US$ 3,3 bilhões pela BHP.
“Então, R$ 60 bilhões já foram gastos ou provisionados por conta do acidente da Samarco. Portanto, em teoria haveria uma lacuna de R$ 52 bilhões para ser provisionado/gasto em relação à nova cifra de R$ 112 bilhões”, diz o relatório. “Contudo, devido a discordâncias sobre o momento dos desembolsos, o acordo final não foi assinado no ano passado.”
Ainda citando a mídia, o relatório diz que as autoridades estariam buscando R$ 155 bilhões. O valor, no entendimento dos analistas, tomaria como referência o caso do vazamento de óleo da BP.
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O banco ressalva, porém, que tanto a Vale quanto a BHP provavelmente contabilizarão o valor presente líquido (VPL) das obrigações adicionais, não o valor total. “Então, estimamos que se o novo valor acordado for de R$ 112 bilhões, as novas provisões poderiam ser de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões para ambas”. Além disso, um acordo reduziria significativamente a insegurança jurídica.
Os analistas disseram que investidores com quem têm contato já estão se posicionando para enfrentar uma cifra bastante semelhante à estimativa da instituição, na casa de US$ 112 bilhões.
“Em última análise, acreditamos que o fechamento de um acordo poderia reduzir significativamente a insegurança jurídica, removendo uma pendência”, apontaram os analistas. “Além disso, acreditamos que, com a resolução, a Vale poderia potencialmente ver progresso em seu licenciamento e, portanto, acelerar a recuperação de volumes para a divisão de minério de ferro”, aponta o relatório, o que ajudaria o desbloqueio de valor.
“No entanto, as provisões adicionais podem impactar o retorno ao acionista da Vale, uma vez que poderia levar a dívida líquida expandida para perto da parte superior da faixa de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões, o que é uma métrica chave para determinar o potencial de dividendos.”
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