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Warren Buffett está desistindo das ações do Bank of America (BofA)?

Só neste ano, a Berkshire Hathaway, comandada pelo investidor, vendeu mais de 174,7 milhões de ações do banco

Warren Buffett está desistindo das ações do Bank of America (BofA)?
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A Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, tem chamado a atenção do mercado ao se desfazer das ações do Bank of America (BofA). No começo de setembro, a empresa vendeu um total de 5,8 milhões de papéis do banco por quase US$ 228,7 milhões, a um preço médio de US$ 39,45 por ação, estendendo o movimento que vem sendo observado desde meados de julho.

Só neste ano, a Berkshire vendeu mais de 174,7 milhões de ações do banco sediado em Charlotte, Carolina do Norte, por US$ 7,2 bilhões. Apesar disso, ainda restam 858,2 milhões de papéis sob a posse da instituição, o que representa uma participação de 11,1% no BofA. Com as vendas, o banco caiu para a terceira colocação na lista das principais participações da Berkshire, ficando atrás da Apple (AAPL) e da American Express (AXP).

A história da empresa de Buffett com o BofA começou em 2011, após a crise financeira de 2008. Na época, a holding comprou US$ 5 bilhões em ações e warrants (instrumento financeiro que dá ao investidor o direito de comprar ou vender um determinado ativo) do banco. Em 2017, a Berkshire converteu esses warrants em ações, tornando-se a maior acionista do BofA. Depois, estendeu o movimento de compras por volta de 2018 e 2019, quando adicionou mais 300 milhões de ações e warrants do banco.

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Neste ano, a holding agiu de forma oposta e decidiu vender uma parte de seus papéis da instituição. Até agora, no entanto, os motivos exatos para a venda das ações não foram divulgados pela Berkshire. Mas o mercado observa de perto as movimentações da holding de Buffett, que serve como uma referência para bancos e gestoras do mundo todo. Mais do que uma simples venda de ações, essa “desova” dos papéis do BofA pode dar sinais de como a Berkshire está pensando o setor bancário como um todo.

Nos últimos anos, a empresa se desfez de suas participações em outros bancos como JPMorgan, Goldman Sachs, Wells Fargo e U.S. Bancorp. No ano passado, quando o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank entraram em colapso, Warren Buffett previu mais falências no futuro, mas manteve sua participação no Bank of America. “Os bancos vão à falência. Mas os depositantes não serão prejudicados”, disse em entrevista à CNBC na época.

Embora os motivos por trás da venda dos papéis do BofA ainda sejam desconhecidos, o CEO da instituição, Brian Moynihan, fez um comentário sobre as movimentações da Berkshire no início de setembro, dizendo que não tem conhecimento sobre as razões de Buffett para a venda.

“Não sei exatamente o que ele está fazendo, porque, francamente, não podemos perguntar a ele. Não perguntaríamos”, disse durante a Barclays Global Financial Services Conference. “Mas, por outro lado, o mercado está absorvendo as ações e assim a vida continuará”, complementou.

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Moynihan, que lidera o banco desde 2010, também elogiou o investimento da Berkshire em sua instituição em 2011, o que ajudou a reforçar a confiança na companhia, que passava por dificuldades. “Ele foi um grande investidor para nossa empresa e a estabilizou quando precisávamos naquele momento”, afirmou ainda.

Como Buffett decide vender suas ações?

Conforme explicamos nesta reportagem, Buffett segue uma estratégia conhecida como buy and hold, que em uma tradução literal seria “comprar e esperar”. Quem adota essa linha de investimentos, compra ativos e os mantêm por um longo período de tempo, apostando em empresas sólidas e de credibilidade.

Por isso, antes de sair comprando ações, ele recomenda que o investidor dedique tempo para entender o modelo de negócios da companhia, conferir os balanços e verificar a reputação da marca no mercado. Uma técnica seguida pelo megainvestidor é buscar empresas com vantagens competitivas difíceis de copiar, desde as mais tangíveis, como uma patente exclusiva, até as mais abstratas, como uma marca muito bem construída.

Dessa forma, um dos principais fatores que motivam Buffett a se desfazer de certas ações é a sua visão sobre a situação da empresa investida. Se a vantagem competitiva daquele negócio já foi corroída, ele enxerga que é hora de “desovar” as ações no mercado.

“Nós somos mais relutantes em vendê-las do que a maioria das pessoas”, disse Buffett sobre as participações da holding durante a reunião anual da Berkshire Hathaway em 2009. “Se tomamos a decisão certa ao entrar, gostamos de aproveitar isso por muito tempo, e possuímos algumas ações há décadas. Mas se a vantagem competitiva desaparece, se realmente perdemos a fé na administração, se estávamos errados na análise original — e isso acontece — nós vendemos.”

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*Com informações da CNBC