A temporada de balanços do primeiro trimestre 2024 foi mais positiva que o esperado, na avaliação da XP. Segundo relatório assinado por Fernando Ferreira, estrategista-chefe e Head do time de Research, e Jennie Li, estrategista de ações, “entre as empresas cobertas pela XP, 30% superaram as estimativas de receita, 25% ficaram aquém e 46% ficaram em linha com as projeções dos analistas”.
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“Quanto ao Ebitda (lucros operacionais), 34% superaram nossas expectativas, 54% vieram em linha, e 12% ficaram abaixo. Por fim, olhando para o lucro líquido reportado nos balanços, 43% superaram nossas estimativas, 18% ficaram em linha e 39% ficaram aquém”, diz a XP em seu relatório.
A XP, no entanto, alerta que as receitas reportadas pelas empresas sob sua cobertura vieram 2% abaixo das estimativas, enquanto o número agregado do Ebitda foi levemente abaixo em 1,7% e do lucro líquido foi 5,3% menor.
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“Mas olhando para o crescimento na comparação anual, nós vimos uma recuperação nesses últimos trimestres. Em relação ao primeiro trimestre de 2023, as companhias sob cobertura da XP apresentaram um crescimento de receita e Ebitda consolidados de 2,2% e 6,6%, respectivamente”, ponderou a gestora de investimentos sobre os balanços futuros.
A XP acrescentou que as expectativas de lucros pelo consenso estão sendo revisadas para cima. Desde o começo da temporada em abril, as projeções de lucro por ação para os próximos 12 meses e de 2024 e 2025 têm sido revisadas para cima entre 2% e 4%.
Na divisão por setores, Materiais e Telecomunicações foram os que mais tiveram uma revisão positiva de lucro por ação pelo consenso, enquanto Energia e Saúde tiveram as revisões mais negativas.
Agronegócio
Segundo a XP, para as empresas de agronegócio, o trimestre foi fraco para os produtores de grãos (SLC, Brasil Agro), refletindo uma queda nos preços já esperada. O destaque positivo da temporada de balanços foi a 3Tentos (TTEN3), enquanto os destaques negativos foram a Vittia (VITT3) e a AgroGalaxy (AGXY3).
Alimentos e Bebidas
Os balanços mostraram um trimestre forte para os frigoríficos, afirma a gestora. O destaque ficou para as operações de frango e suínos, particularmente devido às tendências positivas de custos em virtude da queda dos preços dos grãos. Para as aves, o trimestre também foi marcado por uma recuperação de preços devido aos sólidos mercados domésticos e de exportação, tanto para as operações no Brasil, na BRF/Seara (BRFS3) quanto nos Estados Unidos (PPC, JBS US Pork).
Ambev, que recuperou margens e reduziu custos, e Camil, que obteve margens maiores por causa dos preços mais altos de arroz, também foram destaques positivos. “A nota negativa do setor fica com a M. Dias Branco (MDIA3) devido à frustração em volumes dado os efeitos one-off da alteração do programa de ERP, apesar de as margens terem sido fortes”, ressalta o relatório.
Bancos, Mercados de Capitais, Neo-banks e Fintechs
Os balanços das empresas do setor foram considerados positivas no primeiro trimestre de 2024. “As empresas do nosso universo de cobertura focaram em eficiência, o que impulsionou os seus resultados. O segmento de Neobanks & Fintechs apresentou melhorias operacionais sequenciais, levando a melhores resultados, mas as altas expectativas continuam a pressionar suas ações”, segundo a avaliação.
Bens de Capital
As empresas brasileiras do setor tiveram resultados mistos na temporada. Marcopolo (POMO4) e Kepler Weber (KEPL3) apresentaram resultados sólidos, enquanto a Weg teve resultados mais fracos do que o esperado. Para as empresas de autopeças, os três primeiros meses do ano foram impactados pela sazonalidade mais fraca e as paradas temporárias das produções.
Construtoras
Do lado positivo, a maioria das empresas apresentou um desempenho robusto da receita, impulsionado pela expansão das vendas líquidas, lançamentos. “Por outro lado, continuamos a ver um cenário misto para a rentabilidade. Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Lavvi (LAVV3) foram os destaques positivos, registrando margens brutas em níveis robustos no trimestre. No entanto, MRV (MRVE3), Tenda (TEND3), Trisul (TRIS3) e Melnick (MELK3) foram os destaques negativos, com margens brutas ainda pressionadas”, apontou a XP.
Educação
Segundo a gestora, nas empresas de educação, foram vistos “números saudáveis de captação nos segmentos presencial e digital (no primeiro trimestre de 2024), com melhor comportamento dos tickets médios e taxas de evasão controladas”. A Arco foi um dos destaques positivos, enquanto Ânima (ANIM3) e Yduqs (YDUQ3) superaram as estimativas de lucro da XP. Cogna e Vasta ficaram do lado negativo, com crescimento de receita abaixo das estimativas e margens pressionadas.
Saúde
Os balanços do segmento foram “amplamente positivos, com a maioria das empresas superando as expectativas”. Hypera (HYPE3), Fleury (FLRY3) e Dasa (DASA3) apresentaram resultados e foram apontadas como destaques positivos. Já a Raia Drogasil (RADL3) teve crescimento de receita abaixo do esperado e “margens pressionadas pela alta competitividade no setor de varejo farmacêutico”.
Imobiliário
Os balanços das empresas do setor imobiliário no período foram mistos, com destaque positivo para empresas focadas em propriedades comerciais e logísticas, que apresentaram sólido crescimento de receita e margens robustas. Do lado negativo, empresas focadas em propriedades residenciais enfrentaram desafios, com crescimento de receita abaixo do esperado e margens pressionadas pela alta competitividade e aumento dos custos de construção.
Telecomunicações
O setor apresentou resultados sólidos, com destaque para a Vivo, que superou as expectativas de receita e margens, e TIM (TIMS3), que também apresentou resultados positivos. Por sua vez, a Oi (OIBR3), em recuperação judicial, “apresentou resultados decepcionantes, com crescimento de receita abaixo do esperado e margens pressionadas pelos desafios financeiros da companhia”.
Tecnologia
O segmento teve desempenho misto no começo deste ano. “Empresas de software e serviços de TI, como Totvs (TOTS3) e Locaweb (LWSA3), apresentaram crescimento de receita e margens robustas, superando as expectativas”, indicou o relatório. Empresas de hardware e semicondutores, por sua vez, “enfrentaram desafios, com crescimento de receita abaixo do esperado, margens pressionadas pela competitividade e aumento dos custos de produção”.
Varejo
Por segmento, as farmácias e os varejistas de alimentos foram os destaques, beneficiando-se do aumento da demanda de produtos relacionados à dengue/covid e das tendências de aumento da inflação de alimentos, respectivamente. Já os varejistas de vestuário de alta renda, como Arezzo (ARZZ3) e Soma (SOMA3), registraram um trimestre geral fraco.
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O relatório destaca ainda “que o cenário macro permanece como um desafio para a demanda; ajustes tributários impactaram tanto o crescimento de receita quanto rentabilidade; e que visões mistas em relação ao segundo trimestre foram dadas” pelas empresas em seus balanços.