Venda de galpões logísticos pode gerar até R$ 800 milhões no segundo semestre, diz CFO da Log
Em entrevista ao Balanço em Foco, Rafael Saliba revela que a demanda por galpões logísticos no País segue aquecida, a despeito dos juros altos, puxada pelo e-commerce
A demanda por galpões logísticos de alta qualidade segue firme no País, apesar do cenário mais desafiador para as companhias, com a taxa de juros (Selic) em 15% ao ano. O movimento é encabeçado principalmente pelo varejo, na esteira do bom momento do e-commerce. A avaliação é do CFO da Log Commercial Properties (LOGG3), Rafael Saliba, que enxerga a continuidade do crescimento da companhia nos próximos trimestres.
“Somos surpreendidos a cada trimestre pela pujança do mercado. De meados do segundo semestre do ano passado pra cá, o mercado tem puxado preços de forma recorrente. Esse movimento tem dois pilares. O mais forte é o e-commerce e o segundo é o que chamamos de fly to quality, que é a busca por ativos de maior qualidade. São clientes que buscam sair de galpões classe B para classe A pelo ganho de eficiência, segurança etc, o que no final do dia torna a operação mais barata”, afirmou o executivo.
Em entrevista exclusiva à websérie Balanço em Foco, Saliba falou ainda sobre a estratégia de reciclagem de ativos da Log (venda de galpões logísticos de alta qualidade depois que eles atingem a maturação das operações), responsável pela entrega de números consistentes a cada trimestre. O valor gerado é investido na construção de novos galpões e na operação.
“Ainda não temos guidance para volume de vendas. Temos a estratégia de casar as vendas com os aportes de capital dos novos desenvolvimentos. Naturalmente, parte do nosso modelo de negócios é sempre vender ativos e já anunciamos vendas de R$ 425 milhões [em ativos em 2025] e temos negociações em curso”, afirmou.
A ideia é que fazer vendas no decorrer do semestre, mas é difícil precisar valores. Eu daria um range para você de R$ 300 milhões a R$ 800 milhões, dependendo das negociações de preços e praças.
Renegociação de contratos
O CFO destacou que a alta demanda elevou os valores praticados nos novos contratos de locação de galpões logísticos da companhia, ocasionando um gap sobre contratos mais antigos. Com isso, a Log iniciou negociações com clientes para reajustar os preços desses contratos de médio e longo prazos à “nova realidade” de valores do mercado.
“Somos transparentes com nossos clientes, sempre baseados em dados e na realidade do mercado de cada praça, para que o cliente compreenda que, de fato, estamos trabalhando com o preço fora de mercado. (…) Começamos no final do segundo trimestre e temos obtido sucesso nas primeiras conversas, acreditamos será um processo natural, com pouco atrito”, disse.
Entre abril e junho de 2025, a Log registrou um lucro líquido de R$ 87,1 milhões, uma queda de 5,2% sobre o mesmo período do ano passado, mas uma alta de 0,8% na base trimestral. No primeiro semestre, o valor acumulado chegou a R$ 173,4 milhões, avanço de 17,8% sobre a primeira metade de 2024. O lucro por ação atingiu R$ 1,00 no trimestre e R$ 1,99 no semestre, avanço de 29,2% em relação aos primeiros seis meses do ano passado.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) chegou a R$ 140,3 milhões no trimestre, praticamente em linha na comparação anual, mas uma alta de 16,2% na base trimestral. Nos seis primeiros meses deste ano, a geração operacional de caixa da Log totalizou R$ 261,1 milhões, alta de 21,5% sobre o primeiro semestre de 2024.
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O executivo falou ainda sobre distribuição de dividendos, baixa taxa de vacância e inadimplência, dívida líquida controlada, pilares ESG da companhia e regiões com os maiores potenciais de crescimento no País. Confira a entrevista na íntegra com o CFO Rafael Saliba no player acima, ou clique aqui.