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Me Convença

Bruno Brasil: ‘Se um bom ativo não está atrativo, pagamos dividendos’

Gerente de relações com investidores de ITSA3 e ITSA4 é o convidado da websérie ‘Me convença'

O que este conteúdo fez por você?
  • O mercado deveria avançar um pouquinho na sofisticação de olhar Itaúsa no sentido de entender que a gente tem um portfólio que tem evoluído. Fizemos uns três M&As nos últimos três anos, estamos ativamente buscando outras oportunidades
  • Uma das principais [agências de rating ESG] classificou a Itaúsa, seis meses atrás, como uma das 5% melhores do mundo avaliadas no nosso segmento

Neste episódio da websérie “Me convença a investir na sua empresa”, Bruno Brasil, gerente de relações com investidores, vai apresentar a Itaúsa (ITSA4).

Criada em 1975 como o veículo de investimentos do Banco Itaú, a primeira empresa que entrou no portfólio da holding foi a Duratex. Em 1982, uma segunda companhia passou a fazer parte dos investimentos a Elekeiroz. Mas só em 1991 que a Investimentos Itaú SA passou a adotar o Itausa como marca e identificação.

Atualmente, a participação da holding nos negócios está dividida em Banco Itaú, com 38%; Alpargatas, com 29%; Duratex, com 40%; Copagaz, com 49% e NTS, com 8%. A XP Inc, que foi uma aquisição recente da holding, hoje está na lista de desinvestimentos da companhia.

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Com pouco mais de 8,4 milhões de papéis emitidos, as ações são divididas em ordinárias – quase 2,9 milhões de papéis com o código de negociação ITSA3; e ações preferenciais, com pouco mais de 5,5 milhões de papéis com o código de negociação ITSA4.

Com aproximadamente 1 milhão de investidores na sua base de acionistas, a Itaúsa está entre as empresas preferidas do investidor brasileiro – recentemente o site de RI foi todo remodelado para atender melhor o investidor pessoa física.

Acompanhe, a seguir, a entrevista com Bruno Brasil, gerente de relações com investidores:

E-Investidor – Quais são as maiores oportunidades que uma holding oferece para o investidor?
Bruno Brasil – Uma holding é um bichinho diferente. Estamos falando de uma empresa que tem uma operação um pouco distinta de companhias. No nosso negócio, eu costumo dizer para os investidores, não emitimos nota fiscal, não somos uma companhia que tem operações, plantas ou lojas.

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O nosso negócio é investir em empresas. Por isso, quando penso em oportunidades para a Itaúsa, estou imaginando investimentos. Quando falamos de futuro de Itaúsa, são duas vertentes para gerar valor: a primeira é buscar novas oportunidades, algo que a Itaúsa tem feito de uma maneira um pouco mais ativas há uns cinco, seis anos pelo menos.

Temos hoje um portfólio que todos conhecem. Buscar alternativas, ativos que tragam para a Itaúsa retorno de longo prazo, é uma das grandes avenidas de crescimento e de geração de valor. Mas não podemos esquecer do portfólio atual. Também temos oportunidades de gerir melhor as empresas que temos, influenciá-las.

Gostamos de negócios onde a gente possa exercer influência, essencialmente por meio órgãos de governança, dos comitês, dos conselhos de administração, a reportar e ficarem melhor para ter um retorno mais atrativo para os investidores e, consequentemente, seremos um deles; a gente se beneficia também. São duas avenidas: tanto a de novos negócios e oportunidades de investimento como aquelas que a gente já tem.

E-Investidor – Quais são os maiores problemas que uma holding enfrenta?
Bruno – Um dos problemas que vemos é como gerir essas empresas, como fazer investimentos sólidos em um mercado que costuma mudar, que está sujeito a ciclos econômicos, a algumas interferências externas, como a política.

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Temos uma avaliação cuidadosa, no momento em que fazemos o investimento, no sentido de avaliar riscos desse investimento. Um segundo ponto eu traria a questão do custo de capital. Qual é o custo do dinheiro que eu tenho acesso, tanto de capital de terceiros, como capital próprio, para fazer esses investimentos e extrair retorno. São problemas usuais de uma gestora de ativos.

E-Investidor – Quais são os seus concorrentes e quais os seus grandes diferenciais em relação à concorrência?
Bruno – Quando a gente pensa em concorrência, e estamos falando de investidores que investem em outros ativos da bolsa, é difícil comparar Itaúsa com algum player listado. Somos, de fato, uma holding de investimento, com foco de longo prazo. O tipo de concorrência que vou encontrar são de outros investidores buscando investimento em ativos também.

Eu caio mais para fundos soberanos, private equity e outros investidores de longo, longuíssimo prazo, que estão disputando comigo bons ativos. O principal desafio em termos de mercado é como que consigo gerir um portfólio, entregar para o acionista um bom retorno tendo essa concorrência, que também quer esses ativos interessantes.

Uma coisa bastante bacana de citar da Itaúsa: não temos uma necessidade para alocação de capital, ou seja, quando você tem um private equity, ele tem uma quantidade de recursos e tem de alocar em algum ativo. Não pode ficar muito caixa. A Itaúsa, por outro lado, exerce muito o que os investidores que estão acompanhando a gente vão ver nos nossos materiais: a gente chama de disciplina na alocação de capital.

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Buscamos bons ativos, mas se não encontramos preços atrativos, ou se um bom ativo não está sendo tão atrativo aos preços atuais, pagamos dividendos para o acionista e continuamos com o portfólio do jeito que está. Temos uma disciplina de não necessariamente a gente tem de fazer novos investimentos. A disciplina é fundamental para a gente. Talvez aí esteja a grande diferença nossa em relação à concorrência. Uns precisam estar alocados, tem de gerar retorno de curto prazo. A Itaúsa não, estamos buscando bons ativos.

E-Investidor – Quais eventos extraordinário a Itaúsa está exposta, tanto de riscos para um eventual prejuízo como de ganhos para um lucro além do operacional?
Bruno – Estamos falando novamente de portfólio, então os riscos ou eventos que estamos sujeitos são mudança de regra, uma coisa que nos impacta e a outras empresas da bolsa; alteração de impostos; alteração de algumas regras contábeis podem afetar a gente ou alguma investida nossa. E se afeta alguma investida de alguma forma relevante isso também reflete na gente.

Eu diria em adição a isso, claro, toda dinâmica de mercado que é importante citar, mas aqui, como disse, não temos uma concorrência direta, ela está no nível indireto nas investidas. Eu comentaria também que a avaliação ou a precificação dos ativos que temos.

Temos um portfólio e não necessariamente esse portfólio está valorado corretamente. Chamamos hoje de valor dos ativos que temos, alguns chamam de soma das partes para a Itaúsa, enfim, é quanto cada pecinha que compõe o resultado da Itaúsa vale.

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Há um outro evento extraordinário que pode influenciar positiva ou negativamente o meu valor que é o quanto o mercado atribui de valor para essas pequenas peças. Passamos exatamente agora, em meados do segundo trimestre de 2021, por um evento que tenta destravar valor de um dos ativos nossos: tentar precificá-lo de uma maneira mais correta e assim refletir na soma dos nossos ativos. Acho que esse valor está bastante presente no dia a dia do nosso investidor ou naquele que estuda o nosso case que é a valorização dos ativos em carteira.

E-Investidor – Qual a política de pagamento de dividendos da companhia?
Bruno – Temos uma política estabelecida, respondendo de forma direta, que estabelece pagamentos trimestrais mínimos: pagamos 2 centavos por ação a cada trimestre. Em adição, temos outros eventos de pagamento de dividendos esporádicos. Eles acontecem três, quatro vezes por ano. Um investidor que quer acompanhar um pouquinho desse padrão tem à disposição no site o histórico dos últimos anos, que tem sido repetido.

Apesar de não ser a política, seguimos um certo padrão. O que eu consigo afirmar é que a Itaúsa, usualmente, destina uma grande parcela do lucro dela para pagamento de dividendos. Entendemos ser importante para o nosso investidor. Isso faz com que os dividendos que pagamos sejam bastante razoáveis quando olhamos algumas métricas.

Tanto quando a gente olha para as empresas da bolsa que pagam dividendos, e aí eu vou usar uma métrica que é o dividend yield, que basicamente pega a quantidade de dividendos pagos ao longo de um ano ou 12 meses e relaciona com o preço da ação. Essa proporção para nós costuma oscilar entre 5% e 7%, pelo menos. Foi assim nos últimos anos. Isso posiciona a Itaúsa entre as 3, 5 ou 7 empresas com o maior pagamento de dividendos, segundo esse usado indicador. Então, dá para falar que temos um dividendo bastante robusto.

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Mas não olhamos só para pagamento de dividendos. Gostamos de falar muito na Itaúsa, e está muito presente nos nossos materiais, o retorno total do acionista, em inglês total share holder return, que é nada mais do que o pagamento de dividendos e a apreciação do valor da ação, que se dá pela quantidade e a qualidade dos investimentos que tenho. Esses dois componentes estão constantemente atualizados.

Se eu tenho um bom uso para o dinheiro, seja em um novo investimento ou seja deixando o dinheiro temporariamente ali no Itaú Unibanco, na Duratex ou na Alpargatas, porque eles têm um projeto importante para fazer, que vai gerar bom retorno, eu prefiro deixar para aquele projeto vingar. Ele me traz mais dinheiro no final do dia, ou seja, ao longo dos próximos anos isso se converte em dividendos no longo prazo. Sempre estamos olhando o retorno total do acionista e fazendo uma alocação de capital eficiente.

E-Investidor – Quanto os investimentos da holding precisam estar alinhados aos critérios ESG?
Bruno – A parte de ESG é bastante desenvolvida na Itaúsa e nas empresas que investimos, em especial aquelas que temos de longa data – há décadas – é um tema muito desenvolvido. Isso se reflete no curto prazo. Na pandemia, fizemos a maior doação privada para o combate aos efeitos da covid-19 no ano passado; o Todos pela saúde, iniciado pelo Itaú Unibanco, recebeu aporte tanto da Itaúsa como das outras empresas que a gente investe e também das família controladoras, que juntaram pelo menos R$ 1,5 bilhão, algo assim, em doações para o combate à pandemia.

Não é só uma doação pontual, mas acho que é um bom exemplo do tema. Essa temática de ESG está refletida nessas empresas, e também na Itaúsa, por ‘n’ atuações que são compiladas e são retratadas nos índices que estamos hoje.

Eu posso dizer que o ISE, o índice de sustentabilidade empresarial da B3, ou Dow Jones, o equivalente lá dos EUA, têm a ação da Itaúsa na carteira há mais de 10, 15 anos. A gente não fica parado, a gente continua avançando e implementando novos avanços.

Em 2020, a Itaúsa entrou pela primeira vez na carteira do FTSE for Good, o equivalente na Europa, no Reino Unido, na Bolsa de Londres e talvez uma informação adicional, talvez os nossos investidores a gente também tem dedicado tempo à área de investidores para atender uma demanda crescente que são agências de rating ESG. É um fenômeno novo, algumas informações são fechadas ao público usual, mas vocês conseguem ter acesso digitando aí nos buscadores algumas informações. Uma das principais classificou a Itaúsa, seis meses atrás, como uma das 5% melhores do mundo avaliadas no nosso segmento.

Isso retrata um pouco, e daria para estender um pouco a explicação, mas quis trazer elementos que atestam um pouco o cuidado que temos com ESG. A gente está com uma proposta, para comentar um fato super novo, estamos com uma proposta da administração, para a próxima assembléia geral de acionistas na rua, estamos indicando três novos conselheiros independentes para compor o nosso conselho de administração. Então, assim, a gente entende que é um trabalho constante de evolução. A gente parte de um patamar alto, felizmente, mas a gente continua evoluindo ao longo do tempo.

E-Investidor – Qual foi a pior coisa que falaram/escreveram sobre a holding? Por quê?
Bruno – Tenho aí um histórico de pelo menos três anos na Itaúsa. Temos acompanhado bastante o fluxo de notícias, até para formatar um pouco a nossa comunicação para o mercado. Não me recordo nada muito errado que tenha saído na imprensa ou nas comunidades de investidores a respeito de nós. Mas se eu for apontar alguma coisa que, a meu ver, não está totalmente correta, o que é uma imprecisão quando se fala de Itaúsa, é quando investidores simplificam um pouco o nosso investment case, o nosso negócio, ao rotular que a Itaúsa é igual a uma única investida.

A gente sabe que uma grande parte do nosso resultado foi, é e será proveniente do Itaú Unibanco, mas acho que as análises precisam ser um pouquinho mais aprofundadas. O mercado deveria avançar um pouquinho na sofisticação de olhar Itaúsa no sentido de entender que a gente tem um portfólio que tem evoluído. Fizemos uns três M&As nos últimos três anos, estamos ativamente buscando outras oportunidades, o formato geral de portfólio ainda vai ter uma preponderância muito grande do Itaú Unibanco, claro, é um excelente ativo. Mas tem de entender que a Itaúsa é viva e não um portfólio estanque. Talvez essa seja a coisa que é constantemente comentada e que a gente pouco a pouco tem trabalhado para mudar.

E-Investidor – O número de acionistas pessoa física aumentou 142% de 2019 para 2020, para 886 mil pessoas. Quais são os desafios para atender e prestar a melhor informação para essa enorme base de acionistas?
Bruno – Esta resposta você só encontra no vídeo acima.

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