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- Em entrevista ao vivo para o E-Investidor, o analista político da Warren Investimentos, Erich Decat, fez um balanço do primeiro ano de Lula 3
- Para o analista, o governo se destacou por conseguir aprovar pautas difíceis no Congresso e o ministro Fernando Haddad foi o "principal personagem do ano"
- Para 2024, as dúvidas são sobre a manutenção da meta fiscal e as interferências da ala política na agenda econômica
O primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi marcado por avanços na questão fiscal e na reforma tributária, além de valorização do real frente ao dólar e de alta no Ibovespa, o principal índice da bolsa.
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Em live realizada nesta quarta-feira (13) pelo E-Investidor, o repórter Daniel Rocha recebeu o especialista e colunista do site Erich Decat, que integra o time da Warren Investimentos, para fazer um balanço dos últimos meses e falar sobre as expectativas para o ano que vem.
Para o analista, o ministro da Fazenda Fernando Haddad se destacou em 2023, ao conseguir levar para o Congresso uma “agenda difícil” e com a aprovação do arcabouço fiscal, que trouxe mais previsibilidade com relação aos gastos públicos.
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“O principal personagem do ano é o ministro Fernando Haddad, que era visto com desconfiança dentro do mercado financeiro, e na própria questão política não era a pessoa com a maior desenvoltura entre os parlamentares. O ano começou com muitas dúvidas nesse sentido, mas hoje ele é muito respeitado no Congresso e conseguiu driblar até mesmo alguns extremismos dentro do partido”, disse Decat.
Para o analista político da Warren, porém, o mercado ainda tem dúvidas sobre o nível de autonomia que o ministro terá no ano que vem para manter a meta fiscal de déficit zero. É que, segundo Decat, o governo se encaminha para fechar o ano com uma projeção de arrecadação abaixo do que seria necessário para alcançar esse objetivo.
Haddad tem tentado, junto a Lula, segurar uma possível revisão da meta para março, quando o Tesouro Nacional divulgará o 1º relatório bimestral de receitas e despesas do ano.
O receio do mercado financeiro é que, em meio a um ano de eleições municipais, o governo acabe gastando mais e escolha ignorar a meta fiscal e os gatilhos que o novo arcabouço de Haddad tinha criado.
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“O histórico do presidente é de não ter limites para gastos e isso foi falado muitas vezes em campanha. O marco fiscal foi um alento para o mercado, mas no discurso essa questão mais desenvolvimentista está na ordem do dia, e isso de certa forma traz um desconforto porque ninguém sabe qual o limite. O mercado hoje dá muito mais confiança a esse trabalho do ministro Haddad, mas há dúvidas sobre até onde ele vai ter autonomia sem intervenção do Lula”, explicou Decat.
O analista acredita que as decisões a respeito a meta fiscal vão definir boa parte do desempenho da bolsa em 2024, assim como determinar o nível de confiança na gestão Lula e Haddad. A mudança na meta significaria, segundo Decat, a perda da credibilidade construída pelo ministro ao longo deste ano. Outro fator que deve estar no radar do investidor é o saldo das propostas que são aprovadas no Congresso, que em 2023 foram “desidratadas”.
O especialista cita como exemplo a proposta sobre os Juros sobre Capital Próprio (JCP), que tinha previsão de gerar R$ 10 bilhões em arrecadação e após as negociações com os parlamentares deve gerar um impacto de apenas R$ 1 bilhão.
“O governo teve algumas vitórias, mas não ficou dentro do que esperava em termos de volume de receita. A mudança na meta jogaria por terra tudo que Haddad conquistou e tudo que vier depois disso pode ser visto com desconfiança pelo mercado. O oposto também funciona. Se ele conseguir acionar os gatilhos, vai sair muito mais forte”, disse o analista político.
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