Carol Paiffer: O caixa é rei e você surfa em grandes oportunidades

O ano de 2021 mostrou-se bastante desafiador para os investidores brasileiros, sendo um dos pontos cruciais a necessidade de planejamento e a definição de uma boa estratégia. Vale lembrar que decisões de investimentos baseadas em momentos pontuais de mercado são mais prejudiciais do que benéficas no longo prazo. Analistas alertam que muitos perdem dinheiro ao buscar “a hora certa” de investir.

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O programa Papo, Café e Lucros especial do mês de dezembro recebeu Carol Paiffer, colunista do E-Investidor e CEO da Atom Educacional, e André Perfeito, economista-chefe da Necton. Os especialistas observaram que, apesar de toda a instabilidade e solavancos, ainda foi possível colher bons resultados em 2021. “A gente teve boas oportunidades na Bolsa neste ano. Uma que eu surfei e que não era normal do meu dia a dia, foi o agronegócio. Boi gordo, milho e soja me deram bons lucros e era um mercado que não estava tão dentro do meu radar”, afirma Paiffer.

O economista-chefe da Necton também destaca o forte crescimento do mundo agro ao longo do ano, com a oferta de inúmeros produtos, como CRAs, LCAs e fundos de investimento. “Eu sei que é um chavão falar que crise é oportunidade, mas quem teve um olhar atento conseguiu pegar coisas que fogem do óbvio como, por exemplo, empresas americanas listadas aqui. Teve gente que ganhou muito dinheiro com uma alocação pensando que os EUA vão crescer mais que a gente. Tivemos bons investimentos apesar de ter sido um ano terrível para o Ibovespa”, diz.

O papo especial de dezembro também passou pelos fatos e notícias que marcaram o ano e causaram maior turbulência ao mercado. “Ao longo deste ano o que eu mais falei foi sobre o aumento do teto de gastos do governo e CPI. Isso acabou impactando e gerando um desconforto para o investidor. O mercado reage sempre a uma expectativa, uma projeção. E toda vez que ela vem contrária é o susto. Então o susto, a crise vem do desespero das pessoas”, pontua.

Na avaliação de Perfeito, a palavra do ano foi ‘waiver’. “Quando o Paulo Guedes falou “eu quero um ‘waiver'”, que é uma licença para furar o teto de gastos, o mercado virou a chave: a taxa de juros disparou, a gente teve uma série de eventos danosos para o mercado financeiro”, afirma.

De acordo com o economista, essa piora sistemática que tem sido observada justamente da perspetiva de inflação e o aumento da taxa de juros causam instabilidade e incertezas. “E aí tem um ponto muito importante: o problema do Brasil não é falta de dinheiro, é falta de plano. Os empresários no geral começaram a perguntar, mas qual é a indicação, pra onde vai? Isso gerou um transtorno gigantesco para os investimentos e para o mercado financeiro”, observa.

Os analistas observam ainda a importância de ter uma reserva financeira para lidar com o inesperado e aproveitar as oportunidades. “O caixa é rei e você acaba surfando grandes oportunidades. Se as coisas estão bagunçadas, a tendência é melhorar. E se a gente comparar com o mundo a gente tá distorcido não só em preço, mas também por causa da moeda. Até a valorização do dólar e do euro favorecem muito o Brasil porque se lá já teve uma valorização e o mercado já começou a ter uma retomada, qual é o próximo passo? procurar a próxima oportunidade. E o Brasil é uma grande oportunidade. Então, quem fez caixa e começar seus investimentos agora vai surfar bons anos. Os próximos 10 anos de uma distorção (de preços) que aconteceu agora.

“Já que o Brasil tá confuso, mas a tendência na margem, falando como economista, vai melhorar, vale aquele ditado: compre ao som dos canhões e venda ao som de violinos. Já que a confusão tá agora, compra. Vale a pena revisitar as carteiras. Busque informação e assessoria, mas não deixe de aproveitar as oportunidades”, recomenda o economista.

Neste episódio especial, Carol Paiffer e André Perfeito também falam sobre criptomoedas, NFTs, metaverso e demais tendências de investimentos. O programa Papo, Café & Lucros apresenta um balanço dos destaques do mês no mercado financeiro, dicas sobre diversificação de portfólio e as oportunidades que precisam entrar no radar dos investidores, mas não estão nos relatórios.  Bom fechamento de ano, boas festas e até janeiro de 2022!

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