O que está acontecendo com a Ambev (ABEV3)?

Ações da companhia desabaram com rumores sobre manobra fiscal

As ações da Ambev (ABEV3), companhia cervejeira que compõem o grupo AB Inbev (BDR: ABUD34), desabaram em 1o. de fevereiro após a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) afirmar que existe um rombo no balanço da empresa de R$ 30 bilhões.

A CervBrasil é formada por cervejarias concorrentes da Ambev, como o Grupo Petrópolis (Itaipava, Petra, TNT), a Cervejaria Lund e a Brassaria Ampolis.

Por outro lado, a Ambev tem como alguns de seus principais acionistas o mesmo trio de bilionários por trás das Americanas (AMER3): Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

E, é claro, a varejista está sob um furacão corporativo, com sucessivas notícias negativas como a renúncia do recém-empossado CEO Sergio Rial, o anúncio do rombo contábil de mais de R$ 40 bilhões, o derretimento do valor de suas ações e a sinalização de que uma recuperação judicial pode estar por vir.

O estudo contratado pela CervBrasil, realizado pela consultoria AC Lacerda e publicado pela Veja, acusa a Ambev de inflacionar o preço de componentes necessários à produção de bebidas que são passíveis de isenção e geração de créditos fiscais na Zona Franca de Manaus.

Flavio Conde, da Levante Ideias de Investimentos, pede calma para a análise das suspeitas. “Na CervBrasil há concorrentes da Ambev, então a associação não é isenta para falar sobre a companhia. Esse setor de cervejaria já teve problemas com impostos várias vezes na história, então tem que ser provado. O benefício da dúvida é pró-Ambev”, diz.

A 3G Capital de Lemann, Sicupira e Telles é um ícone do mercado financeiro brasileiro, não só pelos três bilionários estarem entre as pessoas mais ricas do Brasil, mas por ser o alicerce de negócios como a fusão de Antarctica e Brahma (dando origem à Ambev), a compra da KraftHeinz (em parceria com a Berkshire Hathaway de Warren Buffett) e do Burger King.

A Ambev tem sob seu guarda-chuva marcas como as cervejas Antarctica, Brahma, Serramalte, Bohemia, Colorado e Skol, suco do Bem e o guaraná Antarctica. Já a ABInbev também controla produtos globais como Budweiser, Beck’s, Corona, Hoegaarden e Stella Artois.

O que diz a Ambev sobre a acusação

“Calculamos todos os nossos créditos tributários estritamente com base na lei. Nossas demonstrações financeiras cumprem com todas as regras regulatórias e contábeis, as quais incluem a transparência do contencioso tributário. A Ambev está entre as 5 maiores pagadores de impostos no Brasil”, diz a empresa, em nota.